Este é um assunto que poderia render páginas e páginas de informações e situações, mas vamos abordá-lo de forma superficial apenas como orientação sobre como utilizar esta ferramenta tão poderosa para o bem, mas tão preocupante quando não utilizada adequadamente. Um elogio mal feito pode construir um bem-estar ou destruir a autoestima de uma pessoa.
Muitas pessoas confundem um elogio com uma atitude de paparicação. O elogio em si não tem nada de errado, o problema é que nós não sabemos utilizá-lo adequadamente e saímos distribuindo elogios em casa, na escola, no trabalho, enfim, sem critérios e sem avaliar as consequências. Os resultados podem ser catastróficos tanto em curto prazo, que a pessoa que foi enaltecida pode ficar desconfortável, inseguro e ansioso; quanto a longo prazo, pois esse gênio em potencial corre o risco de virar um arruinado na vida. Ele pode se sentir pressionado. A intenção não era esta, aliás, ninguém quer gerar esse efeito quando parabeniza outra pessoa, mas às vezes o tiro pode sair pela culatra e o elogio causar um mal danado.
Em alguns casos, o estrago começa já na infância. Se for reconhecida como inteligente, uma criança pode sentir pressão demais para corresponder às expectativas depositadas nela. Isso às vezes é bom, porque incentiva a criança a estudar para conseguir boas notas. Mas também pode ser ruim por estimular a criança a usar truques para se destacar.
Um elogio mal feito pode construir um bem-estar ou destruir a autoestima de uma pessoa.”
É natural buscar uma área de conforto e nosso cérebro faz isso. Sempre que ganhamos parabéns por algo, o cérebro entende isso como uma recompensa. Você fez algo bom e recebeu um agradinho. Ponto para você. Mas o cérebro quer que você acumule mais pontos, por isso incentiva iniciativas mais ousadas e, segundo psiquiatra de renome especializado no assunto, Robert Cloninger, da Universidade Washington de St. Louis, Missouri, é a nossa motivação, gerada por uma área do cérebro chamada “centro de recompensa”. Segundo ele, “o corpo trabalha com determinação depois que aprende a lição”. O problema é quando acumulamos elogios – ou pontos – demais, o cérebro entende que nem precisa mais mandar a mensagem de incentivo.
É como se o centro de recompensa se aposentasse pelo seu sucesso e as consequências não são boas: sem esse apoio, você acaba sem motivação para fazer as tarefas, sem disposição para buscar a tal bolsa de estudos no exterior ou criar e mostrar garra naquele projeto novo em seu trabalho.
Moral da história: seja por medo de arriscar, seja por falta de energia e vontade, uma pessoa talentosa e devidamente elogiada pode se dar pior na vida do que alguém meramente esforçado. Existe, no entanto, uma pessoa capaz de colocá-los em pé de igualdade (e da pior maneira possível): o chefe!
Guardando as devidas proporções, chefes são como pais. Depositam uma expectativa enorme em cima dos funcionários e muitas vezes usam os parabéns para impor um comportamento específico. É o “elogio controlador” que, na prática, funciona mais ou menos assim: “Este trabalho está muito bom, gosto muito quando você compra minhas ideias”. Nesse caso, o chefe está mandando um sinal bem claro: “faça tudo do meu jeito que sua carreira terá futuro na empresa e você será reconhecido”. Desta forma, o elogio vira uma ordem.
Mas tem o caso em que o elogio deixa o funcionário sem qualquer diretriz: numa empresa, o elogio vem quase sempre para os resultados e poucas vezes para o esforço individual. Na prática, vira aquele tapinha nas costas depois da entrega de um relatório. O chefe gostou dos números, mas nem se importou com o que sua equipe fez para consegui-los. Sem saber que tipo de atitude devem ter dali para frente, os funcionários ficam perdidos.
Por isso, lembre-se: se você não recebeu nenhum elogio nos últimos dias, não desanime e nem se preocupe, esse pode ser o melhor caminho para o seu sucesso!