Acordar cedo, tomar um banho, escolher uma roupa adequada, alimentar-se, dirigir-se a empresa e, enfim, começar os trabalhos do dia. Para, pelo menos, 20 milhões de profissionais brasileiros – segundo dados do Censo 2010 – esta rotina não tem nada de familiar ou, pelo menos, não ocorre diariamente. Este é o número de trabalhadores que realizam as suas atividades laborais através do teletrabalho, uma modalidade que, em tempos de avanços velozes nas tecnologias da informação, ganha cada vez mais espaço.
Teletrabalho significa, ao pé da letra, “trabalho remoto”. Mas o termo não deve ser confundido com home office (trabalho em casa). Segundo dados de 2008 da Sobratt (Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades) 52% dos teletrabalhadores efetivamente executavam suas atividades a partir de suas casas, enquanto o restante utilizava as tecnologias de comunicação para trabalhar a partir de outros locais como cybercafés, escritórios coworking (criados especificamente para este tipo de atividade) e outros.
Grandes empresas de setores importantes como o financeiro e das telecomunicações passaram a utilizar o teletrabalho como estratégia alternativa, transformando a rotina de centenas de seus funcionários, diminuindo gastos e obtendo maior produtividade. Em alguns casos, é exigido que o funcionário compareça à empresa apenas uma ou duas vezes por semana.
O teletrabalho também facilita a contratação e atuação de funcionários estrangeiros, bem como as atividades de funcionários brasileiros em projetos liderados a partir de outros países. Através do teletrabalho, é possível que um profissional esteja em um escritório no Brasil executando um projeto que tenha coordenação de outro escritório localizado, por exemplo, em Tóquio.
A tendência desse modo de trabalho também pode ser verificada nos contact centes e call centers, cada vez mais descentralizados e oferecendo possibilidades de atuação fora das baias dos escritórios tradicionais. De acordo com a Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), o setor já contava, em 2011, com 1,4 milhão de funcionários.
Em dezembro de 2011 foi promulgada a Lei 12.551/2011, que modifica o artigo 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e regulamenta o trabalho à distância no Brasil, fazendo com que os teletrabalhadores tenham os mesmos direitos trabalhistas que qualquer outro funcionário dentro da empresa. Mais um passo para que estes profissionais se multipliquem de forma organizada, levando adiante uma tendência que se mostra vantajosa para trabalhadores, empresas e, até, para a mobilidade e o meio ambiente das grandes cidades.