Alcançar o posto de líder ou gestor está nos planos de muitos profissionais. Muito estudo, experiência de mercado e o desenvolvimento de habilidades como capacidade de delegar, flexibilidade e capacidade de reconhecer e reter talentos estão na lista de quem sonhar estar à frente de uma equipe.
Mas o que muitas pessoas deixam de lado é a capacidade de olhar para si mesmo antes de olhar para os outros. Um líder tem um autoconhecimento aguçado, tem total consciência de suas qualidades e defeitos e, por isso, sabe enxergar as limitações das pessoas ao seu redor, tornando-se um amigo e um exemplo.
Essa capacidade de liderar a própria vida é importante não apenas para as atividades profissionais, mas também para as pessoais. Um líder que é feliz fora do trabalho, ao lado da família e de amigos, consegue transmitir essa mesma satisfação para sua equipe.
Andreia Rego, psicanalista e coach de desenvolvimento humano, defende que, para que o indivíduo seja capaz de liderar outras pessoas é necessário, primeiramente, que o mesmo desenvolva a habilidade de liderar a si mesmo, um dos princípios da excelência pessoal. “Apenas o indivíduo que se conhece verdadeiramente e tem plena liderança de si mesmo apresenta capacidade de dar o seu melhor em qualquer situação, caminhando com integridade e determinação rumo aos seus objetivos”, explica.
Autoconhecimento e autoconfiança
Quem tem autoconhecimento não se deixa lavar facilmente por tudo o que as outras pessoas dizem, mas tem a capacidade de filtrar aquilo que realmente lhe serve e descartar o que pode se tornar obstáculo na vida e no trabalho. Dessa forma, se mantém focado na busca pelo sucesso.
Segundo Andreia Rego, a pessoa que não desenvolveu a liderança pessoal passa a ter sua vida guiada pelos outros. “Sua vida e sua visão de si próprio passa a ser de acordo com o que os outros definem. Além disso, o indivíduo sente-se inapto a decidir ou analisar coisas sem consultar a opinião de outras pessoas, pois o mesmo é incapaz de tomar as rédeas da própria vida”, comenta.
Consultar outras pessoas antes de tomar uma decisão não é uma atitude errada. Afinal de contas, muitas vezes o indivíduo está tão mergulhado no problema, que não consegue se distanciar um pouco, analisar a situação de fora e enxergar as soluções com calma e clareza.
É como explica a psicanalista: “Algumas pessoas têm o hábito de considerar o ponto de vista de pessoas com quem se importa. Entretanto, isso passa a ser um problema a partir do momento em que o indivíduo passa a depender delas, sentindo-se incapaz de opinar em discussões grupais ou até mesmo em tomar decisões que dizem respeito à sua próprio curso de vida.”
Busca pela excelência
Uma capacidade muito buscada pelos selecionadores na hora de escolher os futuros integrantes de uma empresa é a excelência na hora de executar, delegar, resolver problemas e tomar decisões. E essa excelência está diretamente ligada à autoestima.
“A indecisão e o receio que a pessoa insegura tem enfraquecem qualquer esforço que a mesma faça em direção à excelência. O desempenho excelente depende da autoconfiança e da segurança de que a pessoa está fazendo o seu melhor naquele momento”, diz Andreia. “Por outro lado, a pessoa insegura não tem essa confiança e precisa constantemente da aprovação e direcionamento dos outros para que se sinta capaz de fazer qualquer coisa”, completa.
Estas são algumas provas de que um profissional não consegue ser um bom líder no ambiente de trabalho se o mesmo não for um bom líder de si mesmo. A especialista defende que é da liderança pessoal que surge a liderança interpessoal. “Muitas pessoas que estão em posições de autoridade em seus empregos são apenas chefes, não líderes. São pessoas inseguras, que não têm a liderança de si mesmas, e acabam intimidando seus subordinados, com autoritarismo e prepotência”, lamenta.
E finaliza: “O verdadeiro líder não precisa agir assim, pois é respeitado naturalmente por sua postura e seu comprometimento. As pessoas que possuem liderança pessoal e interpessoal, quando colocadas em posição de liderança, procuram extrair o melhor dos membros de sua equipe, assim como fazem consigo mesmas.”