Ao longo da nossa carreira nos deparamos com os mais diferentes perfis profissionais. Pessoas que despertam o melhor de nós e nos ajudam a crescer dentro e fora do ambiente de trabalho, mas também pessoas que, de maneira intencional e perversa, puxam o nosso tapete a todo momento e causam danos ao nosso desempenho, autoestima e saúde. Essas são as chamadas psicopatas corporativas.
Aparentemente dispostos a ajudar, esses profissionais são manipuladores e sempre encontram formas de nos prejudicar no trabalho, arranhando nossa imagem diante dos colegas de equipe e superiores. Infelizmente é possível contar nos dedos quem nunca se deparou com alguém assim nas empresas por onde passou.
Devido ao grande número de profissionais com esse perfil no ambiente de trabalho e à pouca informação existente sobre o assunto, a gestora, palestrante e professora Amália Sina escreveu o livro “Psicopata corporativo: identifique-o e lide com ele”, publicado pela Editora Évora. Nele a autora conta um pouco das suas experiências com esses profissionais.
“A princípio, essa pessoa é vista como alguém talhado para os desafios do mundo corporativo: é destemido, incansável, astuto, toma decisões com frieza e de forma bem objetiva. Mas o que chamamos de ‘peso na consciência’ não se aplica no caso dos psicopatas. Eles não têm consciência nem sentimentos de pesar”, explica Amália. “Na empresa, um psicopata corporativo pode causar fraudes e desvios de dinheiro. Nos colegas, pode causar traumas emocionais profundos, como depressão e síndrome do pânico, e até demissões injustas.”
Também definidos como manipuladores sociais pela própria autora, os psicopatas corporativos mentem, caluniam, trapaceiam, se vingam e nunca admitem que estão fazendo mal a alguém. São capazes até de se fazerem de vítima. “É como se vivessem num mundo à parte, onde são rei e centro de tudo. Não temem passar por cima, puxar tapetes ou inventar histórias graves para prejudicar qualquer um que se ‘atreva’ a cruzar seu caminho”, completa.
Perfil de difícil identificação
Apesar do grande número de pessoas que relatam histórias vividas por elas ou por amigos com psicopatas corporativos, identificar essas pessoas na empresa e tomar as medidas cabíveis não é simples. Isso porque, geralmente, esse perfil se esconde na pele de um profissional interessado, competente, sempre pronto a ajudar, que dá conta do próprio trabalho e que facilmente chegam a cargos de liderança.
Amália conta que os psicopatas que vivem nas empresas também são amigáveis e estão, apenas, colhendo informações que julguem úteis no futuro para chantagear, caluniar, difamar ou armar situações para colocar a culpa em pessoas inocentes. “Um dos meios de identificar é pelas histórias que esse profissional conta repetidas vezes, especialmente sobre sua vida profissional. Logo é possível reconhecer mentiras, deslizes e tentativas de causar intrigas dentro de uma equipe”, alerta.
Outro grande problema é que esse profissional pode esconder seu comportamento a vida inteira, prejudicando um incontável número de pessoas que cruzam seu caminho. A autora conta que somente suas vítimas percebem quem são realmente, mas, muitas vezes, já estão desacreditadas por causa das mentiras que o psicopata espalhou a respeito delas. “Em certos casos as vítimas são demitidas, mas é melhor do que continuarem convivendo com gente assim, perigosa”, reflete.
Dicas de como se defender de um psicopata corporativo
Se você convive com um profissional desses ou ainda não teve a infelicidade se deparar com um, mas quer estar pronto para se defender, Amália Sina separou algumas orientações importantes:
- Se você for realmente obrigado a conviver com um psicopata corporativo, não discorde dele. Ele terá reações explosivas, será agressivo porque não pode ser minimamente contrariado. Principalmente se uma mentira dele é colocada em cheque.
- Faça de tudo para ser transferido de área. Se não for possível, mude de empresa. Caso queira ou precise continuar onde está, tente juntar provas dos atos ilícitos que ele comete e das mentiras que conta, e leve ao departamento de RH.
- Escolha alguém de confiança para abordar o assunto. Se um chefe perceber o psicopata em um subordinado, é importante que não dê a ele poder, perceba tentativas de prejudicar outros colegas e, se notar que ele é capaz de ir longe em algum tipo de maldade, deve demiti-lo.