Trabalhar o dia todo sob a supervisão de chefes que não emanam energias positivas pode comprometer e muito a produtividade e o poder de concentração. Porém, quando já se conhece o comportamento do superior a fundo, a falta de bom humor e incentivos não causam surpresas e nem afetam de maneira tão profunda o desempenho dos funcionários.
Pelo menos foi essa a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Estadual de Michigan. Segundo os estudiosos, um chefe que é constantemente ruim e injusto causa menos estresse do que aquele que é imprevisível. Sendo assim, não saber qual será a reação do chefe em relação à determinada tarefa pode desestabilizar as emoções dos funcionários.
Fadel Matta, autor principal do artigo sobre o estudo publicado na Academy of Management Journal explica, em entrevista ao Washington Post, que é melhor ter um superior que é um babaca constante do que um que é justo em alguns casos e injusto em outros. “As pessoas querem saber o que elas podem esperar quando vão para o trabalho.”
Pessoas constantes geram mais segurança
Para chegar a esta conclusão, foram selecionados 160 estudantes e divididos em três grupos. Todos tiveram que estimar o preço das ações de uma empresa hipotética usando informações sobre o seu desempenho. Os participantes teriam seus batimentos cardíacos medidos para avaliar seus níveis de estresse e um supervisor seria disponibilizado para cada grupo.
O primeiro grupo recebia comentários como “obrigado por seu esforço durante a última tarefa” ou “é ótimo trabalhar com uma pessoa motivada”. O segundo ouvia repetidamente frases como “tudo o que posso dizer é que eu desejaria trabalhar com outra pessoa” ou “é um saco trabalhar com uma pessoa desmotivada”. E o terceiro grupo ouviu os dois tipos de frases.
Pela avaliação dos pesquisadores, aqueles que receberam o feedback constantemente bom se saíram melhor, levando em consideração o monitoramento da frequência cardíaca. E aqueles que ouviram frases ruins se saíram melhor do que aqueles que ouviram elogios e críticas.
Outro estudo envolvendo 95 funcionários e superiores de diferentes setores da economia concluiu que aqueles que tinham chefes instáveis apresentaram sintomas de estresse, exaustão emocional e insatisfação com o trabalho de maneira mais constante do que os funcionários que eram frequentemente maltratados.
“Esta noção de saber o que esperar – mesmo que seja ruim – é melhor do que não saber o que esperar no trabalho”, conclui Matta, que defende o treinamento de supervisores para evitar atitudes erráticas.