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O líder generoso

© Depositphotos.com / pressmaster O líder generoso entende as limitações de todos e tenta ajudar cada um de alguma forma.

Falo sempre no líder generoso e não no líder coach, porque acho que este nome pode ser perigoso. Ele nos remete a uma técnica que precisa de um aprendizado longo e complexo.

Isto porque o líder de hoje precisa saber que os tempos mudaram e, mais do que nunca, seus liderados – e ele próprio – se sentem mais inseguros no ambiente de trabalho (e na vida de forma geral).

Na verdade, estamos vivendo em um mundo mais complexo, descontrolado, imprevisível, que nos gera mais ansiedade, stress e uma sensação maior de incapacidade.

É que ganhamos mais 40 anos de vida nos últimos 50 anos, mas não sabemos ao certo como vivê-los. Não dá mais para ser quem fomos nem nos basearmos em modelos passados.

Quaisquer crises nas organizações ou nos países, eventos cada vez mais comuns tendem a nos desestabilizar e desmotivar, tanto em meio a vivências já tão angustiantes em relação à família quanto a atender prazos, tempos, emoções e desejos, quer sejam eles voltados para o trabalho ou não.

O líder precisa entender todas essas frustrações cotidianas que nos atingem a cada segundo? Não, necessariamente. Mas ele precisa estar atento.

É essencial que ele seja maduro o suficiente para saber que nos sentimos como se estivéssemos na chuva e fôssemos atingidos pelos pingos de uma chuva torrencial.

A bem da verdade, nós sabemos da previsão do tempo e mesmo assim não temos guarda-chuvas. Isto quer dizer: temos informações o tempo todo, pela internet, pela TV, pelas mídias e pelos aplicativos, porém isso não nos basta para que sejamos imunes ao impacto das notícias do mundo ao nosso redor ou no nosso micromundo.

É a crise financeira que eleva o preço dos produtos e não nos permite manter o nosso padrão de vida, é o caos urbano que nos faz sair de casa mais cedo, é o ensino brasileiro, que cai no ranking internacional, são as nossas emoções dificultando as relações pessoais com nossos amigos e parceiros.

Como entregarmo-nos de corpo e alma ao trabalho com um bombardeio de informações e sensações cotidianas sobre tudo isso?

O gerente generoso não tem estas respostas, mas sabe que o mundo mudou de “quase estático” para “muito dinâmico”. Sabe que a gente não deixa os problemas na porta de entrada da empresa e que isso é pura falácia. Ele tem maturidade para aceitar que estes sentimentos interferem e deve estar disponível para conversar com seus subordinados, sem assumir um papel de “pai/mãe” ou de “psicanalista” ou mesmo de “amigo”, mas tão-somente de líder.

Na era da informação, a máxima “só sei que nada sei”, de Sócrates, nunca foi tão adequada. Só não podemos achar que somos completos, que sabemos tudo, pois é ilusão o fato de acreditar que temos todo o conhecimento necessário para fazer uma boa gestão.

Já dizia Hawkings que o inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas a ilusão do conhecimento. Aquela certeza que nos faz errar pelo não questionamento das nossas verdades absolutas.

Num contexto que muda a cada instante, o líder também precisa o tempo todo de sua equipe afinada, equilibrada, comprometida, integrada, renovando seus conhecimentos e informações para poder competir num mercado renovado a cada instante.

O líder generoso integra as partes de um ser humano, porque ele sabe que um ser humano, com todas as suas incompletudes e dificuldades, busca, a cada dia, saber mais.
Desta forma, verificamos que a era do conhecimento é, na verdade, a era do aperfeiçoamento contínuo e o líder deve estar constantemente se aperfeiçoando, da mesma forma que seus funcionários. Até morrer. Essa é a beleza da vida!

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