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As organizações, a fotografia e o filme

iStockPhoto / roberthyrons Relações superficiais não ajudam o jovem a amadurecer profissionalmente.

Muito interessante a pesquisa da Robert Half de 2015. O trabalho, feito com 770 jovens com idade entre 16 e 25 anos, da Geração Z, mostra uma realidade muito diferente dos jovens da geração Y. É bem verdade que a pesquisa não foi feita no Brasil e eu sempre acho que nossa realidade é única e merece uma pesquisa específica. Ainda chegaremos lá.

De acordo com essa pesquisa, os jovens da Geração Z imaginam passar por quatro empresas ao longo de suas vidas profissionais. Esta realidade é muito diferente da percebida por jovens da Geração Y, que mudam de empresa com muita frequência. Veja a pesquisa aqui.

Resta saber se os jovens da Geração Z entenderam que a mudança frequente de empresa não ajuda no seu desenvolvimento e se esta mudança também se reflete no mercado brasileiro, o que duvido muito.

Quando um jovem fica dois ou três anos numa empresa, ele está tirando uma fotografia de uma organização. É uma coisa estática. É como se ele dissesse: essa empresa tem pessoas sorrindo, usa a cor azul no seu logo, tem pessoas jovens, parece ser dinâmica. Ele pode ler seu quadro de valores, mas mal tem tempo de testá-los na prática.

Se ele fica mais tempo numa empresa, é como se ele assistisse a um filme: como aquela organização reage ao lançamento mal sucedido de um produto? Como ela reage a uma greve? Como lida com uma ação bem feita da concorrência? Como esta empresa reage ao comprar uma outra empresa menor? Todas estas questões são partes do movimento cotidiano da organização. Só um funcionário observador, que costuma ler e buscar na Internet temas ligados à sua empresa, que é analítico, que é questionador, vai perceber esse filme e aproveitar esses movimentos como um processo de desenvolvimento seu.

Mesmo não estando envolvido diretamente no processo de aquisição de outra empresa ou no lançamento do novo produto ou na greve em questão, ao assistir ao movimento da organização, o funcionário pode sentir suas emoções, suas verdades, suas questões e aprender com isso. São nesses “momentos da verdade” que os valores organizacionais são de fato testados, que a inteligência emocional da organização é posta à prova, que a maturidade de seus executivos é verificada, que a capacidade de escuta é exercitada, enfim, que a capacidade de reagir bem às adversidades (que sempre aparecem) é testada.

Este é um momento de muito aprendizado para todos os colaboradores da empresa. Como filhos aprendem com seus pais, todos os funcionários estão ali aprendendo a reagir em momentos difíceis, em momentos especiais, em momentos de crise. Eles aprenderão e reagirão no futuro como seus líderes reagiram no passado. Isto é, aqueles que assistiram ao filme (e não aqueles que tiraram fotos) saberão como reagir em função das experiências vividas que lhes trouxeram emoções que perduraram e ficaram gravadas em seus corações e mentes; porque aqueles que só tiraram fotos não internalizaram as emoções da mesma forma e certamente não saberão utilizar estas experiências como catalizadores para tomada de decisão em situações semelhantes no futuro, quando chegar a sua hora de tomar decisões.

Os jovens pensam que tirar fotos e assistir ao filme é a mesma coisa. Pois não é. No primeiro, você é agente externo do problema. No segundo, de alguma maneira você está envolvido nele, você faz parte dele, suas emoções estão em jogo e, sendo assim, está aprendendo com ele.

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