Um estudo publicado na revista britânica The Lancet relacionou, pela primeira vez, a carga horária de trabalho aos riscos de problemas coronarianos e AVC’s (acidentes vasculares cerebrais). Doenças como estas estão intimamente ligadas a maus hábitos como alimentação errada e falta de exercícios físicos.
Os pesquisadores avaliaram, durante uma média de oito anos, homens e mulheres que, no início da pesquisa, não apresentavam qualquer problema de saúde. Foram 600 mil pessoas avaliadas na Europa, Estados Unidos e Austrália. Os profissionais que trabalhavam até 48h semanais apresentavam um risco 10% maior de ter um derrame do que os que trabalhavam entre 35h e 40h.
Esse percentual aumentou acentuadamente conforme as horas de trabalho também aumentaram. Quem tem jornadas de 55h semanais tem 33% mais chances de sucumbir a um AVC e 13% mais chances de ter doenças coronarianas do que o grupo que trabalha entre 35h e 40h. Os pesquisadores também levaram em conta outros fatores de risco nas pessoas analisadas como tabagismo e sedentarismo.
Indisposição para fazer exercícios físicos
O AVC, ou derrame, é provocado pelo entupimento de veias ou rompimento de vasos que carregam sangue ao cérebro. Sem circulação sanguínea adequada, o cérebro deixa de receber oxigênio e inicia a paralisia de suas funções. O rápido atendimento é fundamental para garantir a vida e a recuperação do paciente que sofre um AVC. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de cinco milhões de pessoas morrem, anualmente, em decorrência de derrames.
Mika Kivimaki, do University College London, em matéria publicada no site da BBC, aponta que as possíveis causas que ligam as horas trabalhadas ao aumento de risco de desenvolvimento dessas doenças são o fato de que longas jornadas fazem com que as pessoas se alimentem mal e com pressa, que passem muitas horas sentadas e carreguem uma carga de estresse muito grande.
Quem trabalha muito mais do que nove horas por dia, provavelmente não terá motivação para buscar atividades físicas ou relaxantes e nem cuidará da alimentação. O alerta é para que, mesmo nessas condições, o trabalhador busque atividades que garantam hábitos mais saudáveis.