John Helliwell é professor na Vancouver Business School, no Canadá e desenvolve vários trabalhos que investigam a felicidade, dentre eles a ligação entre casamento e a felicidade e o número de amigos em redes sociais e sua co-relação com a felicidade entre as pessoas. Em seu mais recente estudo, Helliwell, junto com Shun Wang, da KDI School of Public Policy and Management, identifica as relações entre o ambiente de trabalho e a satisfação que as pessoas sentem durante os momentos de folga e como isso afeta suas emoções.
O autor batiza a alegria adicional que os fins de semana provocam nas pessoas de “efeito fim de semana”. Os resultados de sua pesquisa apontam que pessoas que gostam de seus empregos têm tendência a ter uma variação emocional muito menor do que aquelas que não gostam do que fazem. Em alguns casos o fim de semana sequer chega a representar um acréscimo de felicidade a alguns dos entrevistados.
Em matéria para o site mmc-news.com, Helliwell explica que esse resultado é natural já que pessoas que gostam de seus empregos conseguem manter uma média de satisfação emocional mais estável se comparados os dias de semana e os de fim de semana. Para ele os resultados da pesquisa não demonstram que os fins de semana dessas pessoas estão “piores” do que das outras, mas sim que os dias de trabalho delas estão melhores.
O que surpreende na pesquisa na verdade é o quanto o ambiente de trabalho é capaz de influenciar nosso humor. A pesquisa de Helliwell descobriu que cerca de 75% do “efeito fim de semana” para emoções como felicidade e prazer são definidas pela qualidade do ambiente de trabalho em que o entrevistado se encontra. Para efeito de comparação, a qualidade do trabalho em toda a semana foi mais crucial para a mudança nas emoções dos entrevistados do que o tempo gasto com a família ou com amigos nos momentos de folga.
Esse resultado, logicamente, não indica que a família e os amigos não são importantes, mas sim que o estresse do dia a dia é um fator crucial para definir a maneira como aproveitamos os fins de semana; seria como se os desgostos do estresse no trabalho fossem mais poderosos do que as alegrias vividas nos fins de semana e que estas últimas não conseguissem superar os danos dos primeiros.
Helliwell diz que o resultado da pesquisa demonstra o quanto é significativo o tanto que a carreira afeta a vida dos trabalhadores. O estudo foi mais longe e desenvolveu duas perguntas aos participantes para tentar descobrir o que seria então um ambiente de trabalho agradável e com qualidade.
As perguntas eram se os superiores dos entrevistados procuram sempre criar ambientes abertos e se eram pessoas confiáveis e se os superiores agem mais como parceiros ou mais como chefes. As pessoas que responderam “sim” e “parceiro” para as perguntas tinham diferenças de humor bastante pequenas durante a semana e os fins de semana.
Helliwell entrevistou mais de 700 mil pessoas com essas e outras perguntas. Para ele, fica claro que o nível de confiança que sentimos no trabalho está intimamente ligado às emoções que se refletirão até mesmo nos fins de semana. Mas ele alerta que, por vezes, alguns chefes tentam tirar vantagens dos resultados de suas pesquisas forjando comportamentos numa tentativa de aumentar a produtividade do funcionário.
Por mais que um ambiente agradável e de confiança possa beneficiar em até 30% o desempenho de renda de uma empresa, o pesquisador alerta que fazer isso de forma antinatural e forjada, além de desonesto, pode não funcionar, pois relações de confiança se conquistam com verdade e boas intenções.