Atender às expectativas dos funcionários e reter talentos são alguns dos desafios das empresas. A busca por espaços mais alternativos, horários flexíveis e muitos benefícios têm sido algumas das alternativas analisadas pelos gestores para garantir uma equipe competente e focada em resultados por um longo período de tempo.
E para ajudar as empresas a encontrarem maneiras assertivas de aumentar a produtividade e manter o funcionário na empresa, um estudo feito pela Boston Consulting Group revela os aspectos que garantem a felicidade dos brasileiros em seus ambientes de trabalho.
Pelos resultados do relatório “Understanding Brazil’s Workforce in a Troubled Time” (Entendendo a força de trabalho do Brasil em um momento conturbado, em tradução literal), os brasileiros se preocupam mais com a experiência do trabalho do que com o salário e os benefícios oferecidos pela empresa.
A remuneração não aparece nem entre os 10 primeiros itens relacionados à felicidade. Antes do dinheiro, os brasileiros querem ser apreciados pelo seu trabalho, ter a chance de se desenvolver na carreira, aprender e equilibrar vida pessoal e profissional.
“Essa é uma verdade para muitos trabalhadores brasileiros na maioria dos países e regiões do mundo. E vale ressaltar que os brasileiros desejam recompensas não-financeiras com uma paixão maior do que a média. As empresas do Brasil que entendem isso podem fazer alterações em seus locais de trabalho e se destacar”, disse Christian Orglmeister, coautor do relatório e sócio e diretor administrativo do escritório da BCG em São Paulo.
A pesquisa abordou profissionais de todos os níveis da pirâmide. Ao todo foram entrevistadas 203 mil pessoas em 289 países, sendo 11 mil eram brasileiros. Veja os resultados:
Indicadores de felicidade no trabalho | Brasil | América Latina | Mundo |
Reconhecimento profissional | 1º | 3º | 1º |
Aprendizado e desenvolvimento de carreira | 2º | 1º | 6º |
Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho | 3º | 2º | 3º |
Bom relacionamento com superiores | 4º | 9º | 4º |
Bom relacionamento com colegas | 5º | 10º | 12º |
Valores da empresa | 6º | 6º | 10º |
Estabilidade financeira da empresa | 7º | 4º | 5º |
Oportunidade para liderar e assumir responsabilidade | 8º | 5º | 11º |
Reputação do empregador | 9º | 13º | 14º |
Atividade profissional interessante | 10º | 12º | 9º |
Brasileiros e a busca por emprego
O relatório também pesquisou as formas como os brasileiros buscam colocações no mercado. Além de sites de emprego e sites oficiais das empresas, redes pessoais e profissionais são boas fontes de pesquisa.
A instabilidade foi um problema descoberto pela pesquisa. Isso porque 40% dos entrevistados disseram que estavam ativamente à procura de um novo emprego e 29% deles foram contratados por uma empresa ou outra organização.
Essa busca é vista mais em pessoas com cargos menores, uma vez que profissionais em cargos mais gerenciais (53%) não se mostraram abertos a novas oportunidades de emprego.
Fazendo uma avaliação por gêneros, o estudo concluiu que as mulheres apreciam benefícios como vale-alimentação, enquanto os homens gostam da ideia de ter um carro fornecido pela empresa. O trabalho flexível é bem valorizado por profissionais dos dois sexos.
Thiago Cardoso, coautor do estudo e consultor no escritório do Rio de Janeiro do BCG, a remuneração competitiva é necessária, mas não é suficiente. “É preciso saber como dizer obrigado por um trabalho bem feito, criar uma atmosfera colegial, e dar à sua equipe a oportunidade de aprender e se desenvolver. As empresas que fazem isso no futuro vão ganhar a guerra de talentos.”
Trabalho no exterior
Buscar oportunidades fora também faz parte dos planos profissionais dos brasileiros. Pela pesquisa, 61% deles afirmam que estariam dispostos a trabalhar no estrangeiro, principalmente os que ocupam cargos altos, que já possuem doutoramento ou que atuam nas áreas de TI, engenharia e ciência.
Apesar do desejo de atuar no exterior, apenas um em cada 10 brasileiros tomaram a iniciativa de procurar vagas fora do Brasil e somente um 1 em 100 correu atrás de um visto.