Seja como primeira, seja como segunda opção de carreira, coach é uma profissão que tem atraído adeptos por todo o mundo. No Brasil, uma pesquisa recente feita pela International Coaching Federation (ICF) mostrou que o número de coaches cresceu mais de 300% nos últimos quatro anos.
Para José Roberto Marques, Master Coach Sênior e Presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) – instituição que registrou crescimento de demanda na formação de novos profissionais em 50% em 2015 – o momento de crise no país refletiu no aumento da procura pelos serviços oferecidos.
“O coaching é visto por organizações e profissionais como uma metodologia que diminui os impactos da crise tanto no que tange resultados como em pessoas. Nesse sentido, é procurado pelas empresas como uma forma de motivar e estimular profissionais e equipes, bem como realizar planejamentos estratégicos que driblem a crise e foquem em resultados assertivos a curto prazo”, explicou o especialista.
Para entender um pouco mais sobre a profissão e sobre um profissional em Coaching, nós do Mundo Carreira batemos um papo com o especialista. Confira:
Mundo Carreira: Muito se fala sobre coach, mas pouco se sabe sobre a profissão. Pode nos explicar quais as diferenças entre um coach e um terapeuta?
José Roberto Marques: Coaching não é aconselhamento, nem terapia, pois não faz nenhum tipo de intervenção com o seu cliente. É uma metodologia que auxilia a pessoa a elucidar questões acerca de seus comportamentos e objetivos. O processo tem como objetivo gerar reflexão ao coachee (como é chamado o orientando de um coach) em busca do autoconhecimento, onde ele achará as próprias respostas. Nesse sentido, o coach age como um estimulador, um questionador para gerar reflexão.
O coach fará com que o coachee enxergue suas reais competências, seus pontos a serem trabalhados, bem como habilidades e capacidades a serem desenvolvidas para atingir seus objetivos. Além disso, missão e visão, valores e crenças pessoais também são estimulados.
A ideia central do Coaching é fazer com que o cliente reconheça, estabeleça e trabalhe sua própria identidade e legado. Ao contrário, no processo terapêutico, o profissional faz um diagnóstico e orienta o paciente diante disso, se relacionando com uma cura psicológica.
MC: Quem procura pelos serviços de um coach?
JRM: Pessoas que desejam se desenvolver, aprimorar habilidades, descobrir novas capacidades, atingir objetivos específicos, acelerar resultados, mudar hábitos e comportamentos, fazer transição de carreira, promoção e até aposentadoria.
MC: O que é necessário para se tornar um coach?
JRM: Além de procurar por uma formação de qualidade e credibilidade no mercado, em uma instituição reconhecida por órgãos internacionais em Coaching, é preciso vivenciar e acreditar no processo e acreditar que pessoas podem atingir seus objetivos. É preciso estar disposto a cooperar com o desenvolvimento das pessoas. O coach é responsável por fazer com que as pessoas compreendam que elas são responsáveis pelos seus próprios resultados.
MC: É necessária formação acadêmica para ingressar na profissão?
JRM: Não é necessária formação acadêmica para se tornar um coach. Porém, profissionais de diversas áreas, como psicólogos, profissionais de RH, engenheiros, médicos, jornalistas e administradores, procuram o Coaching para se potencializarem dentro de suas especialidades.
MC: Quais características um indivíduo precisa desenvolver para ser tornar um Coach?
JRM: O coach deve ser um profissional devidamente formado para exercer a atividade. Durante o processo são utilizadas diversas ferramentas e técnicas, que só um profissional que realizou uma formação com reconhecimento e certificação, obtém expertise e competência para trabalha-las. Dentre suas principais competências estão:
1 - Ética, sigilo e confiabilidade: o processo de Coaching é algo sigiloso, tudo deve ficar entre coach e coachee;
2 - Comunicação: é a base da relação. É uma via de mão dupla, saber escutar o coachee é muito importante. Nesse caso, o papel do coach é fazer perguntas para que ele seja estimulado a refletir e falando terá maior compreensão do seu estado e de seus objetivos.
3 - Atitudes motivadoras: o coach deve estimular o coachee constantemente, com elogios e outras formas que o motivem a dar cada dia o melhor de si.
4 - Faro investigativo: um bom coach sabe fazer perguntas certas e poderosas que instiguem o coachee no processo de alto reflexão.
5 - Saber dar Feedback: o feedback é uma ferramenta extremamente importante no processo de Coaching, é preciso apresentar ao coachee todo seu progresso e apontar aquilo que ainda é preciso ser melhorado.
6 - Apoiador: o coach deve estar pronto a apoiar o coachee em suas decisões, suas mudanças e atitudes.
MC: Qual o salário médio de um coach?
JRM: Os rendimentos de um coach podem variar bastante, devido a diversos fatores, como nicho de atuação, região e despesas com a atividade. Um coach iniciante pode ter um rendimento de R$ 1.500 a R$ 3.000. Um coach mais experiente tem ganhos bem acima de R$ 5.000.
MC: Pode dar algumas dicas valiosas para quem deseja se tornar um coach?
JRM: É preciso gostar de gente, de ouvir, de ajudar, de conduzir. Antes de realizar o processo de Coaching, é preciso vivenciar a experiência, o autocoaching, aprender, se transformar e evoluir. O coach precisa estar em constante evolução e aprendizado, procurando sempre ser o melhor coach que ele pode ser.