Reduzir quadro de funcionários é uma situação difícil para todas as partes envolvidas. Seja por questões financeiras ou simplesmente estratégicas, o downsizing é um processo que pode acontecer em empresas de qualquer segmento.
A demissão mexe demais com o equilíbrio emocional de quem se vê sem emprego de uma hora para outra, com contas para pagar e sonhos para realizar. Por mais que o valor da rescisão seja robusto e uma recolocação não demore muito para acontecer, o momento da perda de um emprego é sempre um abalo.
E é muito importante lembrar que não são apenas os profissionais que vão deixar a empresa que ficam entristecidos. Quem escapa do corte e não sabe ao certo como serão os dias seguintes também fica apreensivo. Um misto de raiva por quem saiu e de medo por poder ser o próximo a deixar a empresa atrapalham o rendimento e os líderes precisam compreender essa fase difícil para a equipe.
Medidas que sucedem o downsizing
Dificilmente quando a equipe fica mais enxuta o mesmo acontece com as tarefas. A realidade mais comum é que as atividades sejam remanejadas e os poucos profissionais que ficaram acumulam funções. E de acordo com o Dr. David G. Javitch, psicólogo organizacional e especialista em liderança, autor de um artigo sobre o assunto para o site Entrepreneur, essa situação tem dois lados.
No lado considerado bom, pelo menos de acordo com os especialistas, os deveres adicionais podem trazer motivação e o novo cenário é desafiador, uma vez que a boa execução trará reconhecimento e senso de realização. Por outro lado, alguns funcionários podem se sentir sobrecarregados, o que pode causar tensão, queixas entre colegas, aumento de erros e queda de produtividade.
Dr. David G. Javitch comenta que uma série de fatores incorporam o pensamento dos funcionários, incluindo o possível sofrimento pela perda de colegas de trabalho. “Além disso, pode ser que sintam que ninguém se importa com eles ou com a situação, e que os gestores foram ‘injustos’ por terem dispensado as pessoas consideradas erradas.”
Inércia: a solução menos assertiva
Em meio a um cenário de tarefas acumuladas e funcionários alternando sentimentos de motivação e raiva, há líderes que preferem deixar o tempo correr, acreditando que os nervos vão esfriar em breve. Mas esta talvez não seja a melhor forma de lidar com problemas difíceis.
“Eles pensam que os funcionários que permanecem em seus empregos têm sorte, portanto, se recebem responsabilidades adicionais, simplesmente devem aceitá-las ou cumpri-las”, diz o especialista. “Mas, às vezes, os funcionários se mantêm na empresa e trabalham por medo. Emocionalmente eles sucumbem a sentimentos de hostilidade, frustração e desapontamento com a organização, porque os problemas reais não estão sendo abordados”, completa.
Uma vez que a decisão do líder não foi tomada sozinha, ou seja, o downsizing ocorreu por ordem superior, para que saúde da empresa se mantivesse boa, é essencial que a situação seja exposta de maneira completa e clara para os funcionários.
Formas de administrar a equipe após o downsizing
Dr. David G. Javitch dá algumas dicas de como esclarecer a situação para os funcionários, evitando problemas ainda maiores:
Conheça pequenos grupos de funcionários
Explique totalmente a situação atual, a perspectiva de curto prazo e a necessidade da ação que você tomou.
Demonstre empatia sincera
Seja genuíno e compreensivo com as pessoas que foram dispensadas e com as responsabilidades adicionais para ficaram com aqueles que permaneceram. Pergunte a eles como se sentem sobre o que aconteceu. A chave aqui é permitir que eles descrevam seus pensamentos e emoções de forma aberta, sem sentirem necessidade de fazer isso pelas suas costas.
Reconheça o forte impacto de suas ações
Explique que você entende as responsabilidades adicionais que alguns funcionários terão que assumir e o estresse adicional que alguns terão de suportar. Descreva como você tentará ajudá-los a priorizar e lidar com as mudanças para que tudo fique bem. E faça o possível para eliminar tarefas desnecessárias.
Concentre-se em ações positivas
Discuta como as difíceis etapas a curto prazo afetarão positivamente o futuro, que mudanças feitas, podem trazer avanços maiores e mais seguros. E que quando o negócio melhorar, você espera chamar de volta alguns funcionários. Novamente incentive-os a compartilhar seus sentimentos e tente entendê-los.
Deixe claro que a liderança está presente
Explique que você e outros gestores estarão disponíveis para discutir questões de trabalho, incertezas e desempenho, orientando seus comentários sobre como superar os obstáculos na forma de sucesso.
Seja misericordioso
Agradeça sinceramente a todos por tentarem entender os passos difíceis que você tomou e pela atenção, preocupação e vontade de fazer esforços adicionais para superar esses tempos difíceis.
“Eu reconheço que esse esforço não satisfará todos os seus funcionários nem eliminará a dor que sentiram pela saída de alguns colegas. No entanto, não há dúvida de que sua honestidade e franqueza irão percorrer um longo caminho para suavizar a situação”, finaliza Dr. David G. Javitch.