Cada vez mais as empresas vêm apostando em sistemas de monitoramento de funcionários. Além de acompanhar pelas câmeras a rotina em si, o uso da internet e de softwares corporativos, e-mails, ligações e até gastos com os cartões de alimentação e plano médico passam por um controle rígido.
Mas será que há limites para a vigilância corporativa? Existe razão para a privacidade de um profissional ser violada? De acordo com uma pesquisa realizada pelo Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios, a maioria das pessoas diz que não se incomoda com o monitoramento. A pergunta “você se incomoda em ter sua vida na empresa sempre monitorada?” foi realizada entre os dias 22 de junho e 1º de julho, com 8.041 pessoas entre 15 e 26 anos.
Os resultados apontam que 51,86% dos participantes não se incomodam. Para 44,35% das pessoas não existe problema, uma vez que a empresa é um ambiente voltado a negócios. Outros 7,51% alegaram que as pessoas precisam ser controladas para serem mais eficientes.
Analisando as respostas, Eva Buscoff, coordenadora de treinamentos internos do Nube, pensa que, como o local é voltado para empreendedorismo e ganhos financeiros, é essencial administrar o gerenciamento de suas tarefas e seguir as normas pré-estipuladas. “Diferente de um ambiente familiar ou informal, o colaborador é contratado para exercer determinadas atividades e a adaptação se torna necessária.”
Sistema de monitoramento deve ser ponderado
Para uma parcela dos entrevistados (40,17%), nem todo o monitoramento tem sentido. Neste ponto, Eva comenta que monitorar faz parte da realidade empresarial, porém excessos precisam ser evitados. “Existe um limite entre vida profissional e pessoal e é saudável preservar cada um dos aspectos. Assim como o colaborador respeita a companhia, ela também deve respeitá-lo. Não se trata de uma investigação ou marcação individual e, sim, uma prática adotada para todos”, completa.
Há ainda quem reprove totalmente a prática, somando 7,97% dos entrevistados. Para 7,06% o monitoramento atrapalha, porque preferem ter liberdade para produzir”, e 0,91% disseram ser contra câmeras e monitoramentos. Para os profissionais que fazem parte do grupo que não aprova o sistema de monitoramento, a recomendação é conversar com os líderes, principalmente se o funcionário se sente coagido ou invadido.
As empresas precisam ser prudentes na hora de adotar o sistema de monitoramento. É inapropriado, por exemplo, investigar o funcionário sobre o seu final de semana ou quando vai ao banheiro. “Nesses casos, é indicada uma conversa transparente ou um feedback para a empresa, conscientizando-a das limitações de seu papel”, alerta Eva.