Uma diversão que faz sucesso na internet ganhou espaços físicos em várias partes do Brasil. Os jogos de escape ou jogos de fuga consistem em prender um grupo de pessoas em um local e dar uma série de pistas para que a saída seja encontrada em até 60 minutos. Esse tipo de jogo começou no Japão em 2007, batizado de real escape game.
O que antes era uma atração apenas para grupos de amigos virou uma estratégia adotada por empresas para despertar e potencializar certas habilidades nos profissionais. Afinal de contas, para vencer o desafio é preciso ter autocontrole, agilidade, saber trabalhar sob pressão e em equipe e ter astúcia para interpretar enigmas.
Vendo essa estratégia como forma promissora de treinar funcionários de grandes companhias, a I9ação, empresa de capacitação de recursos humanos, firmou uma parceria com o Escape Hotel, espaço em São Paulo que aposta neste tipo de jogos.
“O que estamos lançando é uma pequena revolução no mercado de treinamento. Criamos junto ao Escape Hotel uma aplicação nova, impactante e de alta eficácia de desenvolvimento de RH. Nela, trabalhamos a geração de memórias de longo prazo, de aprendizagem de novas competências e melhoria de desempenho nas organizações”, explica Fernando Seacero, psicólogo e diretor da I9ação.
Criado pelas empresárias Vanessa Von Leszna e Patrícia Estefano, o Escape Hotel possui instalações para turmas simultâneas de até 40 treinandos por hora e pretende atender ao menos 60 projetos corporativos entre até janeiro de 2017. Entre as companhias que já experimentaram a nova metodologia de RH e gestão de pessoas estão Roche, Omint, Magazine Luiza, Johnson & Johnson, Catho e a PwC.
Jogos oferecem aprendizado lúdico
Com 15 anos de mercado, a empresa treina anualmente cerca de dez mil funcionários de companhias como Banco Votorantim, Mapfre e PwC e tem como diferencial usar “soluções lúdicas interativas” para despertar novos conhecimentos e desenvolver capacidades nos profissionais.
“A melhor fixação do aprendizado em memórias de longo prazo via atividades lúdicas já é defendida pela ciência há algum tempo, mas a sacada da I9ação foi criar métodos para customizar essa percepção, segundo a necessidade de cada empresa, e usar novas descobertas sobre o funcionamento cerebral para formatar os jogos”, explica Seacero.
Para elevar essa lógica à máxima potência, o psicólogo explica que os jogos de fuga conseguem ligar o sistema límbico do cérebro à cenografia, música e outros estímulos do escape, e ao neocortex, área com 30 bilhões de neurônios relacionada às recordações, conhecimentos e habilidades acumulados por cada humano.
Para isso, os roteiros são personalizados, de forma que seja possível acompanhar os fluxos de comunicação, observar lideranças e dificuldades que emergem de situações específicas. Outro diferencial é que o jogo conta com uma equipe de especialistas que, após a “brincadeira”, reúne os participantes para fazer relações entre o que foi vivido no jogo e a realidade. “É uma hora de vivência e outra de reflexão, na qual se levam as percepções até o plano de ações para que a pessoa possa usá-las no cotidiano da empresa”, explica Fernando.