O comportamento antiético no ambiente de trabalho geralmente é pouco tolerado pelas empresas e pelos colegas de trabalho. Entretanto, um estudo recente da Universidade Baylor, publicado no Personnel Psychology, mostra que quando o funcionário traz resultados, supervisores fazem vistas grossas às suas atitudes erradas.
O principal autor do estudo, Matthew J. Quade, Ph.D., professor-assistente de gestão na Escola Hankamer of Business, da Baylor, defende que sua pesquisa contribui para aprimorar a conversa sobre ética no trabalho, mais precisamente se as competências das pessoas são mais importantes do que a moralidade no contexto das organizações.
Os pesquisadores realizaram três estudos e examinaram 1.040 pessoas, incluindo supervisores e seus empregados. Os resultados do estudo mostraram que as pessoas antiéticas, mas de alto desempenho, fornecem valores contrastantes para a organização.
“Comportamentos antiéticos dos empregados podem ser prejudiciais, mas seus altos desempenhos também são muito importantes para o sucesso da organização. Nesse sentido, o desempenho alto acaba ‘compensando’ o comportamento antiético”, disse o autor do polêmico estudo em release oficial.
Falta de ética e ostracismo
Quando o estudo avaliou o risco de ostracismo dos antiéticos, ou seja, a possibilidade de o funcionário ser ignorado pelos colegas, concluiu que os funcionários de alto desempenho correm menos riscos do que os de baixa performance. “Os profissionais de baixo desempenho não apenas violam as normas morais, como também não cumprem as expectativas no papel, dificultando a relação de trabalho e evidenciando os conflitos de relacionamento”, disseram os autores.
Os resultados também revelaram que a má conduta ocorre independentemente do sexo do funcionário e da cultura organizacional da empresa.
Virando o jogo
De acordo com os pesquisadores há duas maneiras de as organizações restringirem o comportamento impróprio e conterem o ostracismo local de trabalho. Um deles é deixar de tolerar as más condutas no ambiente de trabalho, independentemente do desempenho do profissional. Para isso, devem cobrar mais diligência de seus líderes.
Outra medida seria proporcionar formas de os funcionários responderem aos comportamentos antiéticos de seus colegas de trabalho. Isso porque comportamentos antiéticos e o ostracismo podem aumentar consideravelmente as ações antiéticas dentro da empresa e provocar uma debandada dos empregados éticos, o chamado turn over. “Os funcionários poderiam, por exemplo, ser incentivados a discutir comportamentos suspeitos com os seus líderes”, disse um dos autores.