Muitos são os fatores que atraem talentos para uma empresa. Salários, benefícios, clima organizacional, plano de carreira. Mas, depois de formar uma equipe com grandes profissionais, como fazer com que eles se engajem a ponto de se tornarem os responsáveis por propagar espontaneamente o nome da empresa? Esse processo é chamado de employer branding.
Desafio cada vez mais frequente para os profissionais de Recursos Humanos, o employer branding tem se tornado uma estratégia bastante eficiente para reter talentos e divulgar no mercado a boa imagem que a empresa luta para construir e manter. Se na publicidade as marcas sonham em construir defensores de suas marcas, no mundo corporativo esse o objetivo é bem semelhante.
A convite da Love Mondays, plataforma online que reúne depoimentos de funcionários das mais variadas empresas do país, o Mundo Carreira conferiu o 1º Fórum promovido pelo site de carreira no dia 05 de julho, em São Paulo, com o tema Employer Branding. Quatro profissionais de RH de importantes empresas do mercado apresentaram seus cases e contaram como trabalham para atrair e reter talentos.
Quais são as queixas dos funcionários para não serem engajados?
Luciana Calletti, CEO do Love Mondays, abriu a roda de palestras divulgando uma pesquisa feita a partir de 200 mil avaliações dos usuários do site. Pelos resultados, os profissionais têm criticado os salários, os benefícios, o plano de carreira e a falta de falta de qualidade de vida. “Por conta da crise, as equipes ficaram mais enxutas e muitos profissionais passaram a fazer o seu trabalho e o dos outros”, avaliou.
Gijs Van Delft, managing diretor da Page Group, apresentou dados que ratificaram o descontentamento dos profissionais com suas empresas. Ao entrevistar mais de 2.500 profissionais no Brasil em 2015, a empresa de recrutamento constatou que 82% deles buscavam emprego, sendo que 52% estavam empregados.
A pesquisa foi dividida em quatro grupos: estagiários, analistas, gerentes e executivos. De uma maneira geral, o que eles valorizam na hora de procurar emprego são escopo do trabalho, salário e uma empresa com boa reputação. “Este último item ganhou força com a lei anticorrupção”, lembrou Gijs.
O managing diretor ressaltou, ainda, que os avanços da tecnologia permitiram aos profissionais pesquisarem melhor as empresas antes de aceitar uma proposta. Se há 10 anos 98% das pessoas se baseavam apenas nas informações obtidas nos processos seletivos para tomar uma decisão, hoje esse número caiu para 6%, uma vez que pesquisas são feitas nos sites das empresas, na imprensa e nas redes sociais.
As referências de amigos que atuaram e ainda atuam na companhia também são levadas em consideração pelos profissionais. Avaliando esse ponto, Gijs sugere: “As referências também são importantes na hora de contratar. Os colaboradores são os porta-vozes das organizações, por isso os recrutadores devem usar esse recurso para evitar atrair quem eles não querem.”
Itaú: aposta no público jovem
O diretor de RH do Itaú, Sérgio Fajerman, explicou que o banco vem recrutando muitos jovens e, que por isso, tem desenvolvido estratégias para se tornar cada vez mais próximo deles. “Procuramos estar sempre presentes em feiras, nossos diretores estão dando aulas em cursos de graduação e MBA e recentemente entramos no Snapchat”, conta.
A instituição também realiza ações como estágios de férias, na qual os estudantes podem vivenciar a rotina no banco em diferentes departamentos, e tem apostado na relação mais estreita com startups.
Quem já trabalha na instituição ganhou mais abertura para dar ideias e para mudar de setor em busca de novos desafios. “No ano passado cerca de quatro mil pessoas trocaram de área no Itaú. É uma forma de mudar de carreira sem precisar deixar o banco”, explica Sérgio.
Takeda: união dos departamentos RH e Comunicação
Poucas pessoas conhecem a Takeda, mas esta empresa tem marcado presença nos últimos anos no ranking de melhores empresas para se trabalhar no Brasil e liderou o ranking das empresas mais amadas da Love Mondays. Da área farmacêutica, e com mais de 200 anos de tradição, a Takeda fabrica medicamentos como Neusaldina, Eparema e Nebacetin.
Incentivando o orgulho de dentro para fora da Takeda, Veronika Falconer, Diretora de RH, e Flávia Moreno, Gerente de Comunicação, trabalham juntas na missão de tornar o clima organizacional sempre positivo. “As duas áreas da empresa se complementam e essa união torna as estratégias mais efetivas, uma vez que procuramos ir além do que os dados das pesquisas de clima nos mostram”, comentou Veronika.
A dupla percebeu que os funcionários já divulgavam sua admiração pela empresa nas redes sociais e decidiram incentivar a prática. “Disponibilizamos umas plaquinhas com frases divertidas e motivacionais para que os funcionários possam tirar fotos, postar com hashtags e ratificar seu carinho pela empresa”, explica Flávia.
Netshoes: histórias de valor
Thiago Veras, gerente de desenvolvimento organizacional da Netshoes, fechou o ciclo de palestras. Ele contou que ao valores, missão e visão da empresa foram definidos no ano passado a partir das histórias que as pessoas desenvolveram com a empresa. “Essa pesquisa foi essencial para traduzir a história de 16 anos da Netshoes”, explicou.
A média de idade dos colaboradores é de 28 anos, o que faz a Netshoes buscar formas de tornar sempre jovial o clima organizacional. A política da empresa aposta da flexibilidade, tanto de horário quanto de vestimenta. Assim, diretores e funcionários podem trabalhar de bermuda.
“Para gerar valor fazemos avaliações constantes de desempenho e criamos uma recompensa, o Nets. Conforme o engajamento do colaborador ele ganha Nets para trocar por alguma coisa”, comenta Thiago. “Mais do que salários queremos criar significado para essas pessoas”, conclui.