Confesso que fico impressionado toda vez que vejo na política um candidato fazendo um discurso. De um lado há aqueles que falam bem, com firmeza, segurança, assertividade, envolvendo as pessoas com histórias adequadas ou com seu carisma, conduzindo sua linha de raciocínio conectada com o perfil dos ouvintes, dos telespectadores ou, simplesmente, de um público específico.
Provavelmente serão os melhores avaliados e eleitos para os cargos pretendidos. Basta verificar como ocorre na prática, na qual percebemos que, quem sabe se comunicar bem, tem maiores chances de ser eleito, como temos observado na prática das eleições.
Por outro lado, em um verdadeiro show de variedades, existem pessoas muito mal preparadas (ou sem preparo algum), falando de maneira desordenada, discursos sem eira nem beira, prolixas, carregadas de erros crassos de Português, recheadas de posturas de vanglória de si mesmo, de seus antepassados e de promessas vazias e mentirosas.
Certamente, serão os desclassificados, os eliminados, com exceção de figuras públicas e celebridades que conseguem votos não pelo que farão pela comunidade, mas por serem queridas pelas suas habilidades fora da política. É o caso de artistas, jogadores de futebol, atores, humoristas, entre outros.
Preparo pessoas para falar em público e sinto-me na obrigação de orientar os futuros candidatos e também políticos já eleitos para que percebam a importância de aprimorar continuamente essa habilidade, pois a boa comunicação não só viabiliza uma eleição, mas a própria desenvoltura da função por meio de exposições na mídia, na agilidade na liderança, nas negociações, nas aparições nos programas de rádio e TV, nas oportunidades que terão para convencer com argumentos fortes e consistentes na apresentação e defesa de seus projetos, que atendam aos reclamos e necessidades das pessoas.
Para uma simples análise, toda vez que um político usará a tribuna para expor seus pensamentos e projetos, proferindo palestras ou participando de debates, sugiro responder a algumas simples perguntas que mostrarão se está ou não no caminho certo, o caminho da exposição clara, da boa utilização da voz e da sua expressão corporal, do desenvolvimento congruente dos seus pontos de vista, da preservação dos seus valores éticos fundamentais.
Autoanálise para um bom discurso
Algumas perguntas para essa análise:
- Eu soube como me organizar para apresentar argumentos fortes e congruentes?
- Tenho informações sobre o público alvo para adequar minha fala ao nível intelectual, utilização de exemplos e ajustar meu vocabulário a esse público? (Isso também vale para programas de rádio ou TV, palestras em entidades específicas, escolas e universidades, por exemplo.)
- Estou preparado psicologicamente para dominar a minha ansiedade e o meu medo, controlando as minhas emoções para falar com calma e segurança?
- Treinei o suficiente para fazer os ajustes necessários para eliminar as incongruências, ajustar-me ao tempo previsto e manter o foco da apresentação no
desenvolvimento dos argumentos conforme planejado?
- Sei usar bem a minha voz, falando com calma, boa dicção, variando sua modulação, destacando certas palavras ou frases para dar vida à fala?
- A palestra (ou discurso) está criativa? Tem um toque pessoal para deixar evidente o meu estilo e minhas características?
- Estou preparado para contar histórias adequadas para melhor impactar as pessoas com exemplos pertinentes?
- Sei utilizar o tempo que me foi destinado para falar? Soube planejar o conteúdo para dar o recado que pretendia no tempo certo?
- Estou preparado para envolver as pessoas, tocando-lhes a sensibilidade e a intelectualidade com argumentos sólidos, com exemplos envolventes para apresentar adequadamente as minhas propostas?
- Sei como usar o bom humor de forma ajustada às circunstâncias?
- Sei como manter a classe, mesmo quando provocado e controlar o meu impulso para não falar com afetações emocionais?
- Preparei e sei como usar de maneira apropriada recursos audiovisuais para melhor impactar as pessoas?
- Sei manter minha fala sem a utilização de vícios, tais como a fala excessiva de “nés”, “tás”, “certos”?
- Sei utilizar a expressão corporal a meu favor, fazendo gestos adequados ao conteúdo, expressando no meu semblante as emoções congruentes ao conteúdo da fala?
- Minha aparência e estilo estão adequados ao contexto e ao ambiente?
- Levei em consideração o que minha assessoria me orientou para fazer ou evitar?
- Sou congruente no meu comportamento com aquilo que falo?
- Tenho noção do quão importante é direcionar todo o meu trabalho como político à preservação de valores fundamentais, preocupação com as pessoas e o meio ambiente?
- Minha fala é transparente, reflete o meu caráter e os meus valores fundamentais?
- Prometo ou prometi mais do que cumpro ou sou capaz de realizar?
Se você é um candidato, sugiro que tome todo o cuidado para causar boa impressão, zelando pela preservação da sua imagem responsável, evitando brincadeiras ou algo que possa comprometê-lo.
Desenvolva a capacidade de melhor envolver e impactar as pessoas com linguagem clara, simples e objetiva, utilizando exemplos simples, falando à inteligência e ao coração das pessoas.
Esteja preparado para cumprir o que prometeu, senão melhor não prometer, aja com integridade, saiba resistir às tentações, faça da sua vida um exemplo do bem servir, pois essa é a essência de alguém que se propõe a servir a uma comunidade, resolvendo seus problemas, fazendo o melhor trabalho que puder.
Desejo a você que se candidatou ou pretende uma futura candidatura, ao final do seu mandato, que sinta o prazer de ter feito um excelente trabalho e também receba o reconhecimento das pessoas que confiaram em você a gratidão por tê-las respeitado e feito o melhor que pode.