Colegas profissionais, hoje quero falar de algo que venho constatando nos últimos meses, por conta da reforma trabalhista: a contratação no regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) está com os dias contados no Brasil. Afinal, os diversos benefícios garantidos aos trabalhadores representam grandes despesas aos empregadores.
Vales transporte e refeição, assistência médica, descansos remunerados semanais e anuais, 13º salário, aviso prévio, seguro desemprego, contribuição para o INSS e FGTS – neste último, tendo multa de 40% em caso de dispensa – licenças maternidade e paternidade e dissídios anuais são alguns dos bônus para os empregados e ônus para os empregadores.
A perda dos benefícios adquiridos ao longo dos anos é muito grave para os trabalhadores. Mesmo assim, tudo indica que o regime comum de empregabilidade no Brasil se tornará mais parecido com o que já é praticado no exterior: com praticamente nenhuma estabilidade e benefícios, prevalecendo o pagamento por horas trabalhadas.
Esta é a tendência, pois para os empregadores a redução de custos é muito significativa, ainda mais com a liberação da terceirização das atividades-fim (aquelas essenciais para o funcionamento da empresa, como professores em escolas, médicos em hospitais etc.). Antes, era permitido terceirizar apenas as atividades-meio (como limpeza, vigilância e contabilidade, por exemplo).
Por isso, para os trabalhadores a serem contratados enquanto prestadores de serviço e profissionais liberais, é de extrema importância se educar financeiramente e construir reservas que garantirão sustentabilidade. Afinal, ao trabalhar de forma independente, o profissional terá liberdade para prestar serviços para diversas empresas e poderá ter um significativo aumento de renda. Assim aumenta também a sua responsabilidade ao administrar o seu próprio dinheiro.
Será preciso abrir e manter a sua empresa, ter uma contabilidade e pagar impostos, entre outras obrigações. Mas talvez a principal mudança – e também o maior risco – esteja em passar a ter mais dinheiro em mãos de forma direta, e não mais por meio de benefícios, antes recebidos separadamente. E é aí que mora o perigo.
Os altos índices de endividamento e inadimplência atuais são apenas alguns indícios de que os brasileiros não são educados financeiramente, ou seja, têm dificuldades em administrar as finanças e se deixam levar pelo consumo sem planejamento. Para mudar este quadro, é preciso, antes de tudo, conhecer seu verdadeiro “eu” financeiro.
É importante fazer um diagnóstico financeiro e ajustar o padrão de vida considerando que deverá reter parte de seu ganho mensal para garantir a sua sustentabilidade financeira naquilo que é garantido pelo regime CLT, com foco em sua aposentadoria, contribuindo tanto para a previdência social quanto – e especialmente – para a previdência privada.
A educação financeira é crucial para o trabalhador brasileiro, independentemente do regime de contratação, mas para aqueles que perderão os benefícios de uma contratação CLT, trata-se de um conhecimento ainda mais necessário.