No meu primeiro texto, vou tentar passar um pouco da realidade e das experiências vividas por um profissional de saúde, um fisioterapeuta, e mais que isso, um participante ativo na formação de novos profissionais de saúde como professor. Meu intuito é sempre passar um pouco desse meu anseio inato de diminuir o desconforto e sofrimento de uma pessoa, como se fosse um familiar.
Além da formação técnica e científica, existe algo muito importante para quem trabalha com saúde e vai cuidar do bem mais precioso de um indivíduo – o seu corpo. É preciso ter empatia. Saber escutar e, sobretudo, demonstrar segurança e boa vontade para compreender o que o paciente está sentindo é essencial para os profissionais desta área.
Por mais que a dor não aparente ser do tamanho que ele fala, ela será sempre a dor de quem está falando. Por isso, é preciso ouvir com interesse e explicar, mesmo de forma simplória, o seu conhecimento teórico para indicar como se deve proceder para acabar com aquele sofrimento.
Certa vez atendi uma paciente com uma patologia reumática, crônica, em um estágio de dor mais agudo que até então já percebera na minha experiência profissional. Esta mulher já tinha tentado muitos tratamentos sem sucesso, logo, eu precisava ter a sensibilidade de saber que possivelmente estaria diante de alguém com baixas expectativas positivas em relação a sua melhora.
Ao encontrá-la, expliquei todo o motivo do surgimento de sua patologia. Ela ouviu atentamente, mas no fim, eu percebi que ela já sabia tudo aquilo. Notei, no entanto, a certeza de que ela havia se sentido bem acolhida, pois, após ouvir suas queixas, eu a encorajei ao lhe transmitir a segurança do que eu sabia sobre seu estado de saúde e meu comprometimento efetivo com a sua melhora. Após isso, e com a percepção de que havia de fato desenvolvido nela a confiança, fator de extrema importância em qualquer tratamento, conduzi o tratamento como este deveria ser.
Essas foram, dentre as habilidades que desenvolvi na Faculdade, algumas das mais importantes e fundamentais, pois estimularam e aguçaram minha sensibilidade. Assim, me tornei um profissional mais humano, capaz de passar confiança e segurança ao paciente que necessita não só de conhecimento técnico e teórico, mas de um comprometimento de ser humano para ser humano.