Ser um brasileiro bem formado é, muito infelizmente, um privilégio. Números do IBGE comprovam a nossa mazela: 8% dos brasileiros são analfabetos e mais da metade dos brasileiros com mais de 25 anos não concluiu o ensino médio. Além disso, quase 30% são analfabetos funcionais e apenas cerca de 15% concluíram o ensino superior.
Trata-se de um problema que se ramifica por diversos aspectos da vida cotidiana. Afinal, o baixo nível educacional do brasileiro dificulta o acesso a informações, à integração ao mundo digital e ao desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico. Além disso, impede até mesmo a assimilação da norma padrão do português brasileiro, que é falado e escrito majoritariamente dentro da chamada variedade nativa, que não é própria para a conquista de um bom emprego e de um treinamento acadêmico compatível com os requisitos impostos por empresas e instâncias governamentais. Ou seja, há muitos brasileiros que não são fluentes nas variedades da sua própria língua.
Isso tudo nos leva a mais alguns números sintomáticos, em relação ao domínio da língua inglesa: apenas 5% da população é proficiente no idioma, segundo o British Council; o portal de empregos Vagas.com realizou um estudo que mostra que dos 51% por cento das pessoas que afirmam ter inglês fluente ou avançado, somente 36% passam no teste; e a empresa GlobalEnglish ainda apurou que os funcionários brasileiros de multinacionais ficaram em 67º lugar em qualidade do inglês entre 76 países pesquisados.
É muito pouco para uma nação tão importante no cenário internacional quanto a nossa. Uma pesquisa divulgada pela revista Carta Capital quantificou um outro problema brasileiro que está no cerne das questões ligadas ao desenvolvimento da sociedade como um todo: atualmente, 1% da população controla 27% de toda a riqueza do país, o que torna o Brasil um dos países mais desiguais do mundo.
A revista também menciona que, apesar da qualidade de vida ter melhorado no país, a manutenção de um regime tributário incompatível com os desafios da população continua a manter a concentração de renda e as dificuldades de acesso às ferramentas da maturação intelectual dos cidadãos. E quanto pior o acesso, pior o analfabetismo político e a capacidade do país de realizar mudanças estruturais importantes. É um ciclo vicioso.
Nesse contexto, não é de se espantar que o brasileiro vá mal em inglês. Afinal, ter o que podemos chamar de consciência linguística passa por conhecermos de que maneiras dizemos as coisas. Quais são as expressões idiomáticas que usamos? O que é possível traduzir literalmente? Como produzimos sons? De que maneira organizamos as classes de palavras em sentenças? Encontrar as respostas para essas perguntas não deveria ser uma tarefa árdua. E permite visualizar caminhos para um aprendizado mais eficiente e mais libertador da língua inglesa.
Good luck with your studies!