A questão da igualdade sexual é algo ainda muito discutido. Homens e mulheres, independente de suas escolhas, devem ter o seu espaço e seus direitos legais garantidos. Porém, infelizmente, apesar de milhares de anos de evolução social, a raça humana ainda não aprendeu a respeitar as diferenças e os conflitos permanecem.
No início dos tempos as mulheres desempenhavam papéis importantes. Prova disso são as histórias de Cleópatra, no Egito, e Elizabeth, na Inglaterra, que sucederam nobres comandantes e eram respeitadas em seus reinos. Algumas ideias disseminadas ao longo dos anos, entre povos de diferentes origens, transformaram as mulheres mais dependentes e sem voz. Precisou-se de anos de guerras e crises mundiais para que o trabalho feminino voltasse a ser, novamente, visto por todos como algo importante e necessário.
Não há dúvida de que a vida em sociedade como conhecemos hoje não teria a mesma qualidade se as mulheres voltassem a desempenhar apenas o papel de “donas de casa”, mães e esposas. Dentro das empresas elas exercem cargos e funções com as mesmas obrigações e responsabilidades que os homens e, não raramente, muito melhor. Mas a realidade das ofertas do mercado de trabalho nos mostra que o reconhecimento pelos seus serviços ainda não é o mesmo. Além dos salários inferiores, elas enfrentam a discriminação sexual e o assédio moral.
O campo da construção civil é quase restrito ao mundo masculino. A mulher geralmente é vista como frágil e delicada, para não dizer incompetente. Embora muitas se aventurem a realizar cursos profissionalizantes, faculdades e especializações, o sentimento de frustação é constante. Em resposta a isto, muitas abandonam a área ou tornam-se autônomas, trabalhando em parceria apenas com os profissionais de sua confiança. Mesmo tendo mais responsabilidades, a autonomia e confiança ganhas compensam.
Nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, realizados pelas universidades de todo o Brasil, vê-se mais mulheres do que homens. No decorrer do tempo esta diferença aumenta, com a desistência de alguns alunos ou a transferência pra o curso de Engenharia Civil. Já após a formação profissional, muitas mulheres dedicam-se ao mercado mobiliário e de interiores, pois se sentem, neste nicho da profissão, menos questionadas e mais confiantes em executar os seus projetos.
Muitos homens dizem não estar cientes desta diferença de tratamento e de honorários dados às profissionais do sexo oposto, mas isto realmente acontece. O preconceito por parte de empregadores e clientes ainda é maior se esta profissional for jovem e com menos experiência prática que seus colegas. Outra desvantagem é quando o assunto trata-se de filhos. Muitas mulheres deixam de constituir família no tempo desejado porque têm medo de perder seus empregos depois do período de licença maternidade. Isto é algo com que os homens raramente precisam se preocupar.
O fator físico também é um dos muitos pontos utilizados como justificativa para a pouca contratação de mulheres em áreas da construção civil. Embora elas sejam mais criteriosas e observadoras, poucas estariam realmente aptas a exercerem certas atividades que exigem força braçal. Se o interesse das empresas deste setor por profissionais mulheres é pouco, o delas de frequentar seus ambientes de trabalho é ainda menor.
Em profissões como arquitetura, por exemplo, é impossível não se envolver em atividades de canteiro-de-obras. Áreas sujas, empoeiradas, que expõem riscos à segurança, o contato com produtos tóxicos e prejudiciais à saúde, preconceito, descrédito, assédio, entre outros, são algumas das coisas que afastam o interesse das mulheres por estas vagas de trabalho.
Tudo que foi comentado anteriormente serve de alerta às estudantes que estão prestes a escolherem suas profissões e que estão pensando em arquitetura, engenharia ou outro serviço na área da construção civil. É fácil encontrar pessoas que se surpreendem tardiamente com a descoberta da não empatia e pouca adaptação por seu serviço. É muito importante, portanto, analisar cada possibilidade dentro do setor antes de tomar qualquer decisão. Existem empresas que já desenvolvem cursos de capacitação voltados especialmente para mulheres que querem trabalhar como mestre de obras, pedreiras, serventes ou auxiliares. Outra dica é conversar com uma profissional da área, que já tenha passado por estas situações, para entender como se defender e não desistir de exercer a sua tão sonhada profissão.