Quando dizia que ia fazer obra no meu apartamento, todos me alertavam: dá muita dor de cabeça, há muito atraso, tem cada problema… Apesar de ter uma ideia de que não seria um período tranquilo, mentalizava que bons profissionais, planejamento e uma dose extra de paciência seriam suficientes para passar pela obra sem grandes problemas. Agora, na reta final da obra, vejo que o ingrediente fundamental para receita não desandar é a comunicação.
Como existem diversas etapas e prestadores de serviços que dependem uns dos outros, a elaboração do projeto e a descrição do que foi efetivamente executado (e consequentes mudanças de percurso) são cruciais para evitar surpresas.
Imagine, por exemplo, que foram projetados seis spots de iluminação a uma distância de 30 cm entre cada um. Mas, na execução, decidiu-se colocar oito para garantir melhor luminosidade. Ao tomar essa decisão, não se considerou, porém, que o armário ficaria posicionado de forma a cobrir esses dois spots a mais. Resultado: gasto desnecessário, dor de cabeça e retrabalho.
Há também a seguinte situação: no projeto, constam 15 novas tomadas, mas, por algum motivo, foram feitas 13. Só que ninguém checa a execução e, na etapa final, ao instalar um equipamento eletrônico, observa-se que a tomada prevista no projeto não foi executada. E resta o impasse: quebrar a parede para fazer a tomada ou achar uma solução sem a necessidade de quebra.
O fluxo de informação e a comunicação entre as partes e as etapas precisam, portanto, ser fluídas, interdependentes e cada decisão, dentro ou fora do que foi projetado, depende de uma visão ampla e processual. O curioso é notar que os profissionais responsáveis por cada etapa focam na sua própria parte e não no processo como um todo, o que gera falhas e todas as consequências decorrentes delas.
Vale destacar: o que ocorre em uma obra de apartamento é um exemplo claro do que acontece também em áreas de empresas dos mais diferentes segmentos e portes. Sem planejamento, projeto, redirecionamentos formalmente comunicados, integração entre as partes e visão sistêmica, tudo isso fortemente associado à comunicação eficaz entre os envolvidos, faz com que ocorram muitos conflitos, retrabalhos e custos adicionais.
Quem vivenciou uma obra de perto sabe que, realmente, os alertas feitos pelas pessoas procedem e que é uma fase estressante, mas não é um mundo tão à parte do que sentimos e passamos no dia a dia profissional. Por isso, fica essa dica: mais e melhores comunicações podem diminuir os problemas das obras e do ambiente de trabalho.