Tenho percebido que a Geração Y cada vez mais valoriza a empresa que permite a flexibilidade de horário. Isto tem se tornado mais importante que a remuneração e tão importante quanto a possibilidade de desenvolvimento.
No mundo complexo de hoje, o tempo de trajeto é longo, mas, além disso, as pessoas estão envolvidas em mais projetos. Participam de grupos, correm ou vão para a academia, fazem cursos à distância, querem se encontrar com seus amigos que agora, por causa das mídias sociais, conseguem resgatar com mais facilidade, querem estar com suas famílias, acompanhar e participar do desenvolvimento de seus filhos e querem um tempo para seu ócio criativo. Ufa!
Em outros tempos a gente voltava do trabalho e se afundava na TV, depois do jantar, exaustos depois de um dia cansativo, com algumas horas extras. A moçada nem assiste mais TV. Não quer ver mais propaganda!
E se eu sou um gerente hoje, me confronto na seleção com jovens que me perguntam já na entrevista: Vocês têm horário flexível?
Eu, gestor, não estou acostumado com isso. Primeiro, não estou habituado com essas perguntas na entrevista. No meu tempo não se questionava nada. Só se ouvia. E depois a moçada já chega demandando coisas? “Muito louco este mundo de hoje!”.
Pois é, gestor, vá se acostumando porque você vai ter que repensar como organizar sua equipe que demanda um horário flexível, que quer escolher uma empresa pela qualidade de vida que ela oferece aos seus funcionários, mesmo em época de crise. E essa geração é capaz de pedir demissão se a empresa não aceitar a possibilidade de seus funcionários poderem gerenciar seus horários de comum acordo com seus gestores, se estes forem rígidos, se não aceitarem enxergar o mundo com outros olhos que não os seus, com uma visão de mundo que não é a sua.
Porque é disso que estamos falando: O modelo mental de cada um está baseado nas suas experiências, nas suas vivências. E a sociedade muda, evolui. O meu “mindset” é um, baseado na realidade que vivi. O “mindset” de alguém da geração Y é diferente, porque esta pessoa viveu numa época diferente da minha. E quando eu me proponho a ser gestor dela, tenho que aprender a raciocinar também com a cabeça dela. Tenho que saber em que mundo ela vive. Compreender que este mundo é diferente do meu, e que nenhum dos dois mundos é melhor do que o outro. Cada um é bom (ou foi bom) no seu devido tempo.
E o mais importante: eu, gestor, aprendo a cada dia com meus subordinados. Aprendo sobre uma nova sociedade, sobre novos valores, sobre novas formas de pensar. Também falo para eles sobre como a minha forma de pensar é diferente e sobre como este exercício cotidiano de flexibilidade, tanto da parte deles como da minha, é importante para que possamos trabalhar juntos.
E isto é a beleza da vida: encontrar o diferente e saber conviver com ele!
Isto vale para pais e filhos. Para professores e alunos. Para chefes e subordinados. Para tios e sobrinhos.
Isto vale para a vida.