Durante um simples passeio em área urbana, pode-se vivenciar situações bem estressantes. Muitas são provocadas pelas más condições das vias, das calçadas e das áreas verdes. Além do descaso da população, uma das causas para este cenário é o destino inadequado dado às verbas arrecadadas e repassadas pelo poder público para os serviços de reparos e projetos de melhorias destas áreas. Mesmo que os políticos saibam quais são os problemas, para se encontrar as boas e viáveis soluções é necessário consultar um profissional com conhecimento mais aprofundado na área. Neste caso, a análise e o planejamento urbano e paisagístico de uma cidade é ofício dos Arquitetos.
Muitos estudantes, quando entram na faculdade de Arquitetura, não estão cientes de que, quando formados, poderão trabalhar com o planejamento das suas cidades. É verdade que não existem muitas vagas disponíveis nestes dois campos. Quem quer se dedicar ao urbanismo ou ao paisagismo deve procurar concursos públicos ou participar de competições de projetos, nacionais e internacionais. Para esta segunda opção, é necessário investir muito tempo e certo dinheiro, já que para a participação em muitas competições é preciso pagar sua inscrição, as impressões das peças gráficas exigidas e o envio deste material por meio de correspondência.
Participar de competições de arquitetura é sempre muito gratificante. Mesmo que o concorrente não vença, seu trabalho pode ser acrescido ao portfólio e a experiência melhora a prática, ajudando a enriquecer futuros projetos. Quando se trabalha com urbanismo e paisagismo vê-se a cidade através de uma escala maior. Por este motivo é interessante lidar com estes desafios propostos, já que são raras as oportunidades do profissional colocar de forma tão livre e criativa, fora do meio acadêmico, sua perspectiva sobre o todo, sobre uma área tão extensa e impactante para o desenvolvimento da malha urbana de uma cidade.
Mas antes de trabalhar com estes dois setores da profissão, é importante entender os seus reais significados. Quando se fala em paisagismo muitos enxergam pás e sacos de terra. Com certeza um arquiteto que tenha mais familiaridade com as diferentes espécies da flora do seu país ou estado tem mais chances de criar um projeto que se adéque melhor ao lugar a ser implantado e à passagem do tempo. Isto porque ele consegue prever as mudanças visuais e a manutenção necessária para preservar a sua ideia. Porém, não se trata só do uso das espécies vivas, mas também dos materiais e das tecnologias disponíveis para se criar áreas verdes com usos, funções e beleza. São exemplos do trabalho do paisagista o planejamento e implantação de praças, parques, áreas de preservação ambiental entre outros.
Em alguns países o design da paisagem é considerado algo tão importante que é um campo de estudo próprio. Além das áreas verdes, é preciso planejar a expansão de uma cidade para todos os sentidos, vertical e horizontal. Com o crescimento expressivo do número de habitantes nas áreas urbanas não se pode ignorar os inevitáveis transtornos consequentes. Para amenizar estes problemas entra em jogo o Arquiteto Urbanista. Algumas cidades do mundo, como Barcelona, Paris e Nova York, são exemplos de como o planejamento urbano é um diferencial para a qualidade de vida de seus habitantes. No Brasil, a capital Brasília é a obra urbanística mais conhecida, embora até mesmo o seu traçado inicial, lembrando um avião, já esteja se perdendo.
Infelizmente, por aqui, o conhecimento do Arquiteto Urbanista é passado para trás por políticos e empresas construtoras corruptas, que barram as boas soluções em troca de dinheiro. Quando os projetos licitados são avaliados, geralmente não se destaca a sua qualidade, os seus benefícios em longo prazo, mas o custo necessário para a sua implantação. Ignorar a regulação e o controle do crescimento das cidades é permitir a expansão do caos. O profissional que trabalha com o urbanismo deve ordenar os espaços apresentando um conjunto de práticas e ideias para a preservação e planejamento espacial do meio natural, do construído e do patrimônio histórico e também para o bom funcionamento das áreas de lazer, de recreação e de trabalho.
De todas as coisas que um urbanista pode realizar sua contribuição mais importante talvez seja a criação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Todos os municípios possuem o seu e pode ser consultado de forma impressa ou eletrônica, através das prefeituras. É chamado de plano porque é um documento que expõe um conjunto de objetivos a serem atingidos. Com ele orientam-se todos que desejam construir e utilizar o espaço urbano, garantindo de forma justa o uso democrático de uma cidade. É através do trabalho dos urbanistas que surgem as diretrizes que nortearão a abertura de ruas e avenidas, a construção de edificações, as implantações de estações de tratamento, de parques, a reurbanização de favelas, o reuso de espaços públicos entre outros.
A importância da realização do trabalho do Arquiteto Urbanista e Paisagista simboliza a resposta aos desejos dos cidadãos. O que esperam para o futuro do seu habitat? É lamentável que alguns não percebam o valor destas ações. Muitos setores da sociedade impedem, por desinteresse ou ignorância, a atuação destes profissionais. A falta de planejamento das cidades no Brasil chegou ao limite e é o reflexo do mau trabalho realizado nas últimas gestões. O resultado é visível, motoristas parados no trânsito, pedestres desorientados, falta de acessibilidade nas áreas públicas, áreas abandonadas, marginalizadas e vandalizadas, iluminação e mobiliário urbano insuficiente, além de muitos outros problemas. O tão sonhado progresso, presente no imaginário de cada cidadão brasileiro, parece estar muito distante. Há muito trabalho pela frente, mas é importante lembrar que existem bons profissionais que estão prontos para realizar esta tarefa, basta que lhes deem crédito para isto.