Bill Campbell fez história no Vale do Silício. Conhecido como “The Coach” por importantes nomes da tecnologia, como Jeff Bezos, da Amazon, Steve Jobs, da Apple, e Larry Page, do Google, o consultor não entendia de html, mas sabia orientar como ninguém os empresários sobre como fazer suas empresas de tecnologia se desenvolverem melhor.
Nascido na Pensilvânia, fez carreira como treinador de futebol na Universidade de Columbia. Mas foi no Marketing que Bill Campbell se destacou de verdade. Foi CEO da Intuit de 1994 a 1998 e trabalhou como conselheiro da Apple por 17 anos. No dia 18 de abril de 2016, o homem de negócios morreu vítima de um câncer.
O Vale do Silício perdeu uma lenda, mas suas lições certamente não serão esquecidas. Minda Zetlin, jornalista de tecnologia e negócios e coautora do livro “The Geek Gap”, escreveu para o site Inc um texto reunindo sete lições deixadas por Bill Campbell. Confira:
Cuide das pessoas mais do que qualquer coisa
Campbell se importava profundamente tanto com as pessoas que ele treinou quanto com os empregados das empresas que ele ajudou a liderar. Um exemplo é que, em 2002, Ben Horowitz, cofundador da Andreessen Horowitz, fez um acordo com a EDS para salvar a LoudCloud, a empresa de hospedagem web, da qual foi cofundador. O acordo resultou numa grande reestruturação e demissões de um terço dos seus funcionários. Horowitz estava indo para Nova York para uma conferência de imprensa com a EDS, mas Campbell pediu para ele não ir. “Ninguém na empresa vai se importar com nada, a não ser com suas posições. Você tem que dar a notícia”, disse Campbell, de acordo com uma entrevista de Fortune com Horowitz. “Esteja lá o dia todo e ajude-os a levar suas coisas para o carro”. Horowitz cancelou a viagem e ficou feliz com o que fez. “Isso me permitiu viver e gerenciar o dia. Essa foi a base para tudo o que fizemos depois disso.”
Julgue mais as pessoas do que suas métricas
O Vale do Silício é famoso porque é conduzido pelas métricas. Mas, muitas vezes, os executivos “criam os seus números”, tornando a vida mais difícil para todos ao seu redor. Campbell entendeu isso, então ele veio com um sistema que avaliava as pessoas em quatro medidas: suas métricas tradicionais; seus relacionamentos com seus pares; quão bem elas desenvolvem as pessoas que trabalham para elas; e quão inovadoras elas são.
Não separar a visão do negócio das operações
Você precisa realmente dar atenção a ambos, conforme Campbell aconselhou. É por isso que muitas das empresas que ele aconselhou – incluindo Google e Apple – não têm COO. A visão é muito importante, ele acreditava – e, por isso, é a excelência operacional. Em uma estrutura com um CEO e COO, o CEO pode ficar muito distante da vida real dentro de uma organização, enquanto o COO é ignorado pelos executivos que insistem em se reportar diretamente ao topo.
Coloque um prêmio de inovação
Os principais executivos que foram treinados por Campbell relataram que ele estava sempre buscando aumentar os orçamentos de pesquisa e desenvolvimento. Por sua sugestão, a Intuit deu aos seus engenheiros quatro horas de tempo livre a cada semana – e acabou com alguns novos produtos. Muitos que conheciam Campbell relatam que ele, embora não fosse um expert em tecnologia, soube reconhecer o alto valor do engenheiro de software e sua capacidade de chegar a inovações maravilhosas quando lhe eram dados liberdade e recursos para desenvolvê-las.
Seja totalmente confiável
Uma razão pela qual tantos altos executivos procuraram os conselhos de Campbell é que eles sabiam que podiam confiar nele completamente a respeito de qualquer coisa que lhe dissessem. Assim, ele foi capaz de servir durante anos nos conselhos de empresas rivais como Apple e Google, sem problemas de conflitos de interesse.
Abandone os créditos
Campbell tendia a ficar fora dos holofotes. Você não vai encontrar muitos vídeos dele no YouTube – o que é irónico, pois um de seus papéis no Google era de conselheiro de altos executivos do YouTube. Ele nunca aceitava os elogios de qualquer pessoas que ele orientava.
Seja você mesmo
Desafiando normas do Vale do Silício, Campbell operou, na maioria das vezes, não de dentro de escritório brilhante, mas de trás de uma mesa que continha a placa “Canto do treinador” num velho bar de esportes em Palo Alto. Campbell era um investidor do bar e muitas vezes deu conselhos a altos executivos de tecnologia de lá. Ele gostava de abraços e palavras de baixo calão e aparentemente distribuiu ambos em abundância.
“As pessoas o adoravam por isso. Ele foi a prova viva de que você pode ser exatamente quem você é, viver do jeito que você quer viver e ainda fazer seu trabalho muito, muito bem. E ainda fazer do mundo um lugar melhor por ter estado aqui”, finalizou Minda Zetlin.