Para desenvolver habilidades sociais e de aprendizado, alguns pais têm procurado sessões de coaching para seus filhos. Originalmente empregado no setor empresarial, esse treinamento já possui versões para crianças de 2 anos.
Com o objetivo de desenvolver diversas áreas da vida de uma pessoa, seja no contexto pessoal ou empresarial e profissional, o treinamento de coaching auxilia na percepção, reconhecimento e superação de pontos mais frágeis e que precisam ser trabalhados, na conscientização de valores, busca de maior controle emocional, acompanhamento do plano de ação traçado e, especialmente, na maximização de resultados.
Oferecido pela Fastrackids, empresa norte-americana com filial no Brasil, o curso de coaching infantil já conta com 3 mil alunos e tem em seu currículo o desenvolvimento de liderança, confiança e pensamento crítico dos pequenos.
A rede possui um programa de dois anos para crianças de 2 a 8 anos e, segundo Ana Paula Harley, franqueadora da empresa no país, “nós trabalhamos com essa idade por ser a principal janela de oportunidade cerebral. Por isso, temos um currículo superior ao das escolas, com aulas de astronomia, economia. É preciso tirar a criança da zona de conforto para promover um maior desenvolvimento cerebral.”
Papel dos pais
Com aulas geralmente semanais, o objetivo apontado pelos pais é oferecer estímulo aos filhos, como no caso de crianças tímidas ou com dificuldades de concentração. Já Roselake Leiros, coach da empresa CrerSerMais, acredita que um dos principais focos do treinamento é o comportamento dos pais, que são extremamente preocupados com os estímulos das crianças ou que deixaram a situação sair de controle e não sabem como lidar com os filhos.
De acordo com Tânia Sakuma, especialista em educação infantil, para que os resultados do treinamento sejam efetivos, é preciso haver o comprometimento dos pais para entender quais objetivos podem ser alcançados e em quanto tempo. “Cada fase tem seu desafio, assim como cada criança. Não queremos transformá-la em um prodígio, mas extrair o potencial dela para que desenvolva habilidades para viver melhor.”
Mesmo assim, especialistas alertam para que o excesso de atividades na rotina das crianças não seja uma forma de “terceirizar” a educação que deveria ser feita pelos pais ou de antecipar etapas de aprendizado dos pequenos.
Diante dos prós e contras das sessões de coaching para crianças, segundo Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), “não existe certo e errado na educação, mas precisamos refletir que muitas famílias se preocupam em preparar as crianças para a vida, com uma crença de que há uma disputa acirrada na sociedade e que é preciso prepará-las para a disputa.”
Por fim, embora esse treinamento seja útil para auxiliar no desenvolvimento de competências, é preciso ter cuidado para que ele não tire uma parte importante do tempo que as crianças deveriam destinar para brincadeiras.