Há alguns anos os profissionais mais experientes saíam das universidades com conhecimentos gerais, deixando para o mercado e para seus líderes e gestores a missão de identificar potenciais e auxiliar no melhor direcionamento da carreira. Hoje, as coisas são bem diferentes e quem vai ingressar numa empresa precisa saber com propriedade onde quer chegar. Ou seja, saber a resposta para a pergunta: “quais são seus planos profissionais” nunca foi tão importante nos dias de hoje.
Diante desse novo cenário que se atualiza a cada dia, as instituições de ensino têm mudado suas grades curriculares para deixar o aluno mais lapidado para atender ao perfil exigido pelo mercado e pelas empresas. Uma delas é a Unisuam, universidade carioca que oferece o projeto pioneiro “Formando Protagonistas de Carreiras”. A iniciativa foi desenvolvida por Claudia Klein, diretora de relacionamento com o mercado da International Coach Federation (ICF) do RJ e especialista em desenvolvimento profissional, a partir da demanda da universidade carioca.
A iniciativa multidisciplinar visa ajudar na formação do indivíduo, de forma que ele se coloque como o principal responsável pelo seu desenvolvimento profissional. E, nesse processo, a universidade assume o compromisso de apoiar esses jovens na aquisição e na manutenção de competências essenciais para a construção de toda a sua trajetória profissional.
“Hoje o mercado procura jovens que tenham atitudes alinhadas com a cultura e os valores da empresa, além das habilidades sociais. Por conta das contínuas mudanças e maior velocidade da obsolescência técnica, o candidato ideal passa a ser aquele que demonstra capacidade de trabalhar em colaboração e de se manter em constante estado de reaprendizagem”, explica Claudia Klein, em entrevista ao portal Mundo Carreira. “As competências técnicas não deixaram de ser necessárias, mas passaram a dividir a atenção dos avaliadores com as habilidades sociais e emocionais”, completa.
Universidades trabalham para atender às novas necessidades do mercado
Cláudia lembra que em um período não muito distante vivenciamos a valorização da especialização em decorrência de forte segmentação das atividades profissionais e também a centralização no empregador da responsabilidade pela gestão de carreira dos seus profissionais. “Creio que esses fatores ajudam a explicar porque as universidades priorizaram por muito tempo o ensino do conjunto de disciplinas diretamente relacionadas à formação de determinada profissão”, argumenta.
A reviravolta, na opinião de Cláudia, se deu quando ocorreram o achatamento das estruturas organizacionais e a diversificação das possibilidades de atuação profissional, levando as instituições de ensino a perceberem a necessidade de preparar o aluno com disciplinas relacionadas à gestão, não só da carreira como também de um negócio. “Para atender a essa demanda, as universidades criaram iniciativas como centros de carreira e de empreendedorismo, inclusão de disciplinas com técnicas de coaching de carreira em alguns cursos, o fortalecimento das empresas juniores etc.”, comenta.
No caso da Unisuam, o projeto criado envolve dois diferentes públicos: os líderes (responsáveis pela gestão dos colaboradores da empresa) e os coordenadores de cursos universitários (responsáveis pela gestão do corpo docente e que possuem vínculo direto com os alunos). Misturando treinamento e consultoria, os grupos recebem aporte conceitual e são instigados à prática da cocriação.
Durante o projeto são formados grupos de trabalho, que discutem meios de ampliar o protagonismo de carreira de alunos e colaboradores. “Ao final, os trabalhados serão apresentados para uma banca composta pelo reitor e vice-reitores da universidade. As melhores práticas serão incorporadas à rotina de gestão da universidade”, explica Cláudia.
A desenvolvedora da solução não esconde sua satisfação ao falar do reitor da Unisuam, que foi peça importantíssima para viabilizar o projeto. “A aceitação da implementação da iniciativa na instituição deixou evidente que ficou para trás a ideia de que desenvolver habilidades de orientação de carreira é responsabilidade do RH.”
Alunos são preparados com ferramentas de coaching
Para tornar os estudantes mais bem preparados para o mercado, Claudia conta que são adotadas técnicas que auxiliam a ampliação do conhecimento que os alunos têm sobre suas próprias preferências e interesses, a reflexão sobre objetivos de carreira e a definição de um plano de ação. Também são oferecidas orientações práticas para elaboração de CV, dos perfis nas redes sociais e para participação em entrevistas.
Convênios e parcerias com empresas, fechados pelo departamento de Carreiras da Universidade, e a aproximação com os recrutadores das empresas ajudam a fazer uma ponte entre os alunos e o mercado de trabalho. A Universidade divulga as oportunidades internamente, efetua uma triagem inicial dos estudantes interessados e envia os perfis potenciais para participarem do processo seletivo da empresa.