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Trabalho por conta própria aumenta no país

Um dos motivos apontados para essa situação foi a falta de vagas no setor privado, com e sem carteira assinada.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, entre março de 2014 e março deste ano, 868 mil pessoas passaram a trabalhar por conta própria, ampliando para 21,7 milhões o contingente nessas condições. Em contrapartida, 740 mil pessoas perderam a condição de empregados, restando um saldo de 46,1 milhões de trabalhadores no setor privado, com e sem carteira assinada.

Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), calcula que, se não fosse essa substituição, somada ao aumento de 359 mil empregados no período, o índice de desemprego no país, que chegou a 7,9% em março, teria ultrapassado os 9%. “Se todas as pessoas que optaram pelos serviços por conta própria estivessem procurando emprego, a taxa iria para 9,2%”, complementa Zylberstajn. Ele pondera que muitos podem ter escolhido esse tipo de trabalho mesmo sem terem sido demitidos, mas ressalta tratar-se, em sua maioria, de uma ocupação “mais volátil, imprevisível e que prejudica o rendimento familiar”.

Se, por um lado, essa situação contribuiu para que o saldo da população ocupada no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014 continuasse positiva – cresceu 0,8%, para 92 milhões de pessoas -, por outro, traz mais instabilidade e reduz o índice de confiança dos consumidores.

“Normalmente, o trabalho autônomo é mais precário que o emprego formal. O fluxo de rendimento é menos previsível, há uma incapacidade de projetar o futuro, de comprovar renda e, portanto, de obter crédito. É uma regressão”, comenta o pesquisador da Fipe.

Esse quadro reforça a leitura de que o mercado de trabalho finalmente sentiu a desaceleração econômica que vem ocorrendo desde 2011. Na opinião de Zylberstajn, o ciclo de deterioração do emprego deve se manter por um tempo considerável. “Com certeza, antes de 2016 não sairemos dessa situação”, prevê.

Um exemplo que ajuda a ilustrar esse cenário no país é Ulisses Santoro, que, por sete anos, rodou a cidade de São Paulo todos os dias em busca de clientes para a empresa de telecomunicações na qual trabalhava. Porém, após ser demitido com outros colegas, no início de 2014, montou com a esposa Teresa seu próprio serviço de delivery de marmitex e congelados. “Hoje, meu raio de atuação é 1 quilômetro. Antes, era a cidade toda”, comenta Santoro.

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