Certamente você já ouviu que “uma coisa é na teoria, outra é na prática”, não é? Este cenário é bem comum principalmente para jovens que saem da faculdade e se deparam com uma realidade muito diferente do que estudaram nas salas de aula. O que acontece é que muitas habilidades e competências são exigidas de quem não tem grande (ou qualquer) experiência na função determinada, o que pode até deixar a pessoa frustrada e desanimada com a profissão. Porém, esta é a realidade do mercado brasileiro.
Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), em estudo conduzido em parceria com a Deloitte, dos 172 executivos do setor financeiro que foram entrevistados, apenas 37% acreditam que o tempo de faculdade realmente contribuiu para cumprir as exigências em sua empresa. Por outro lado, 50% disseram que o MBA e/ou a pós-graduação fazem diferença no trabalho diário.
Ainda segundo o estudo, 80% dos executivos afirmaram que a faculdade/universidade não estimula as habilidades corretas, principalmente no campo interpessoal. “As grades acadêmicas são técnicas e pouco tratam do desenvolvimento humano”, complementa o vice-presidente de Administração da Anefac, Roberto Fragoso, em entrevista à Exame. Também foi levantada a questão do comportamento no ambiente de trabalho. “A questão comportamental é mais complexa no ensino superior e é algo que vem desde a família e o ensino básico. Não dá para achar que a faculdade vai dar conta disso”, afirma o diretor da Deloitte Empresarial, Marcos Braga, em entrevista à mesma publicação.
Mercado de trabalho: visão multidisciplinar é diferencial
Para os entrevistados, ter pelo menos um pouco de conhecimento de todas as áreas de atuação da empresa é um diferencial. “O estudo foi feito com um público ligado às áreas de finanças. Para este profissional é fundamental conhecer como opera a empresa toda para entender o que os números refletem”, finaliza Marcos Braga. O dilema do curso universitário é que é uma abordagem muito técnica e que não aposta ou estimula uma visão multidisciplinar do estudante, focando apenas em sua área de atuação.
A capacidade de síntese também é valorizada no mundo corporativo, o contrário do que ocorre nas salas de aula da faculdade. Se no curso universitário é preciso explicar detalhe por detalhe como resolver uma questão, no dia a dia da empresa é essencial sintetizar a informação e buscar soluções rápidas e práticas. “Sintetizar é transmitir a informação de maneira simples e, não simplória. Para isso é preciso definir o que é prioridade, o que é essencial”, comenta Fragoso.