Está no sangue do brasileiro ser empreendedor. Para reforçar a afirmação, uma nova pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Sebrae e Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), mostrou que de cada dez brasileiros com mais de 18 anos e menos de 64 anos, três possuem uma empresa ou estão envolvidos de alguma maneira com a criação do tão sonhado negócio próprio.
A pesquisa faz parte de um levantamento global que busca entender o perfil do empreendedor em vários países. Ela surgiu através de uma parceria entre a Babson College e a London Business School no ano de 1999 e que em 2014 atingiu mais de 75% da população mundial e 90% do PIB global. Somente aqui no Brasil mais de 10 mil pessoas foram entrevistadas de norte a sul, leste a oeste do país.
Primeiro do ranking em empreendedorismo
O Brasil é o principal destaque da pesquisa sobre empreendedorismo mundial. Inclusive se compararmos com países ricos e outros com taxas de crescimento econômico bem acima do que temos por aqui.
O Brasil possui 8% a mais na taxa de empreendedorismo comparado a gigantes como a China (34,5% a 26,7%) e 14 pontos percentuais de liderança em relação aos EUA (34,5% a 20%). Veja o ranking com os primeiros colocados:
1. Brasil – 34,5%;
2. China – 26,7%;
3. EUA – 20%;
4. Reino Unido – 17%
5. Japão – 10,5%
6. Índia – 10,2%
7. África do Sul – 9,6%
8. Rússia – 8,6%
9. França – 8,1%
Cenário interno positivo
Segundo o próprio Sebrae, o Brasil ocupa esta posição graças à melhoria do ambiente legal e também de incentivos em forma de cobrança de tributos para empresas de pequeno porte, como o Supersimples para negócios com faturamento por ano de até R$3,6 milhões. Este cenário positivo, como consequência, fez o quadro de empreendedores brasileiros aumentar de 23% para 34,5% em apenas dez anos.
O Supersimples concentra oito impostos municipais, federais e estaduais em um único boleto, o que pode representar em alguns casos uma economia de até 40% em relação ao regime tradicional de impostos. Outro fator interessante é que ser empreendedor é o terceiro sonho mais comum entre os brasileiros, perdendo apenas para ter uma casa própria e viajar pelo Brasil.
A pesquisa ainda revelou que mais de 70% daqueles que abrem um negócio próprio aproveitam uma oportunidade para realizar este sonho, ou seja, não é pela necessidade de fugir do desemprego. O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, justifica: “O empresário atual abre uma empresa porque vê uma oportunidade e investe naquela ideia. Ter uma empresa porque não se tem uma ocupação não é mais o principal fator”.
Sobrevivência no mercado
Para quem tem medo de ver seu sonho fracassar, a pesquisa também revelou um dado positivo. Segundo os dados levantados, mais de 70% das micro e médias empresas ultrapassam a barreira do primeiro (e tão temido) ano de existência. Barretto defende que o número representa bem como o cenário brasileiro de empreendedorismo é crescente e pode driblar a crise mundial: “O segmento não é uma ilha, mas tem demonstrado força para enfrentar essas crises, principalmente no comércio e serviços”.
Perfil do empreendedor brasileiro
Com a divulgação da nova pesquisa também foi possível conhecer o perfil do empreendedor brasileiro, que segundos os dados apresentados, é jovem, mais negro, mais feminino e tem origem na classe C.