Cerca de 1/3 das competências utilizadas dentro das empresas são apenas técnicas, enquanto 2/3 são competências emocionais; e no topo da organização (cargos mais estratégicos e gerenciais) a diferença aumenta para 4/5. Daniel Goleman
Tenho desenvolvido a Inteligência Emocional nas pessoas e empresas há mais de 15 anos, e uma pergunta sempre me intrigou: como medir o potencial das pessoas? Antigamente, eu acreditava que somente a Inteligência Intelectual era suficiente para ser um grande profissional, mas ficava muitas vezes frustrado quando essas pessoas “inteligentes” não eram capazes de transformar seu intelecto em resultados positivos para elas mesmas e para as empresas. Esse questionamento me conduziu até o fator que faz os profissionais de sucesso se destacarem, o elo que estava perdido entre o “saber” e o “realizar”: a Inteligência Emocional.
A explicação está no conhecimento de como o cérebro humano é composto. De forma geral o cérebro é formado pelos hemisférios esquerdo e direito. O lado esquerdo do cérebro controla o lado direito do nosso corpo enquanto o lado direito do cérebro controla o lado esquerdo do nosso corpo. Além das funções físicas, no lado esquerdo do cérebro são processados os nossos pensamentos lógicos e analíticos, enquanto o lado direito é responsável pelas nossas emoções, relacionamentos e criatividade. Portanto, se queremos trabalhar com todo o nosso potencial, precisamos conectar os dois hemisférios.
Todo nós já ouvimos falar sobre o QI (Quociente Intelectual), que mede nossa inteligência. Os testes de QI se concentram na atividade cerebral esquerda, medindo como lidamos com os problemas puramente lógicos. Testes também mostraram que o QI é relativamente fixo após 20 anos de idade, assim sendo, ele não aumenta com o passar da nossa idade. Se você não se tornou “intelectual” no momento em que saiu da Universidade, já não há mais tempo para isso!
Portanto, se o QI mede a capacidade do lado esquerdo do nosso cérebro, o que medirá o lado direito?
Nos últimos anos o Dr. Martyn Newman assumiu ideias e conceitos que datam de 1920 e, nos últimos 15 anos, tem provado cientificamente uma forma de medir o desenvolvimento do lado direito do nosso cérebro, o Quociente Emocional (QE), ou a Inteligência Emocional.
Em seu livro “Emotional Capitalists – The New Leaders”, Dr. Newman explica como o QE pode ser dividido em cinco fatores mensuráveis:
1. Autoconsciência
2. Autogestão
3. Habilidades sociais
4. Consciência social
5. Adaptabilidade
Seu estudo também teve uma descoberta surpreendente: a de que, ao contrário do QI, que para de crescer após nossos 20 anos, o QE continua aumentando com a idade e, conforme experimentamos novas emoções, nosso QE continua aumentando.
Se tomarmos agora esses dois fatores, podemos demonstrar o potencial humano como uma fórmula muito simples:
QI x QE = Potencial Humano
Para colocar isso em prática, vamos usar o tenista Roger Federer como exemplo. Ele é uma pessoa com uma boa escolaridade e intelecto, então ele provavelmente deve ter um QI razoável. Seu conhecimento técnico e experiência no seu campo é imenso. Há outros jogadores com habilidades igualmente impressionantes. Mas o que coloca Federer num patamar diferenciado e faz dele um dos poucos jogadores de sucesso, é como ele controla suas emoções para obter o melhor de si mesmo (autoconhecimento, autogestão e adaptabilidade).
Se usarmos este conceito em esportes de equipe, o QE então se torna ainda mais importante, porque o time tem que trabalhar não só com suas próprias emoções, mas também as de seus companheiros de equipe (consciência social e habilidade social).
A próxima pergunta seria… o QE é ainda mais importante nos negócios do que nos esportes?
Bem, a resposta é simples quando percebemos que a empresa é um conjunto de pessoas que trabalham unidas para servir outras, e as empresas têm mais membros de equipe que qualquer esporte.
Não importa o quanto as empresas invistam em cursos e treinamentos técnicos (QI) de seus colaboradores, se eles não conseguem entender ou controlar suas próprias emoções, ou como se relacionar com as emoções dos membros de seu time e clientes (QE), todos estarão carregando um conhecimento incrível, sem conseguir aplicá-lo na prática. Então, hoje as empresas estão como se tivessem uma grande caixa d’água, totalmente cheia, mas com todos passando sede.