A velocidade do noticiário nos dá a impressão de que os Jogos Olímpicos Rio 2016 já são coisa do passado, embora seu término tenha completado apenas duas semanas. Mas não podemos perder a oportunidade de voltar ao tema para propor 4 reflexões de como lidar com os desafios e provações por que passamos diariamente em nossa carreira profissional.
1. Adaptar a forma de liderar de acordo com o perfil dos liderados: Bernardinho há anos é considerado um grande técnico e isso só se reforça com o passar do tempo. Conhecido por seu temperamento explosivo, nesta olimpíada parecia mais comedido do que antes. Depois da conquista do ouro, declarou – sabiamente – que a nova geração de jogadores não respondia bem à pressão e às broncas que usava com outras gerações. Ao perceber isso, Bernardinho adaptou sua forma de liderar para conseguir o máximo de desempenho dos jovens jogadores.
2. Saber lidar com o sucesso e o fracasso diante do favoritismo: a torcida ia ao delírio ao ver Usain Bolt e Michael Phelps em ação, mas o favoritismo desses dois atletas decorre de uma longa trajetória esportiva, de uma intensa carga de treinos, de metas individuais arrojadas, de muita superação e de preparo psicológico. Lidar com a alta expectativa de todos por, no mínimo, uma medalha de ouro e, quem sabe, uma quebra de recorde olímpico, é bastante intenso e requer muita preparação física e emocional. Vale lembrar que atletas medalhistas e recordistas precisam lidar não só com o favoritismo, mas também com a derrota. Phelps, por exemplo, teve uma postura belíssima ao ficar em segundo lugar na prova de 100m borboleta, quando foi batido por Joseph Schooling, de 21 anos. O multicampeão parabenizou e conversou muito com o jovem após a prova e durante a cerimônia de premiação. Já Renaud Lavillenie, recordista mundial do salto com vara, parecia imbatível e inabalável durante toda a prova, mas foi “surpreendido” por Thiago Braz na etapa final e não soube lidar nem com o desafio imposto pelo adversário nem com a reação da plateia: saiu disparando críticas ao comportamento do público e nem sequer teve o espírito olímpico de reconhecer a superioridade do brasileiro, que bateu o recorde olímpico e conquistou o ouro.
3. Aprender com as lições do passado: Diego Hipólito tinha duas quedas em duas Olimpíadas seguidas, quando era considerado favorito na prova de solo da ginástica artística. Desta vez, preparou-se física e psicologicamente para escrever uma nova história. Na Rio 2016 superou esse prospecto e um estigma da idade “avançada” e, enfim, conseguiu a tão sonhada medalha olímpica. A seleção de futebol masculina também superou o histórico de derrota na final olímpica em Londres 2012, o mau desempenho no início da competição no Rio e o fantasma do 7×1 contra a Alemanha para conquistar a inédita medalha de ouro.
4. Assumir maiores riscos sabendo mensurar suas potenciais consequências: Thiago Pereira duelou nos Jogos de Pequim e Londres com ninguém menos que Michael Phelps e Ryan Lotche na prova dos 200m medley. Nestes jogos, tinha uma perspectiva de chegar em 4o lugar. Para chegar ao sonhado pódio, decidiu arriscar e nadar forte desde o início da prova, mas acabou sem braço nos últimos metros e chegou em 7o. lugar. Frustrado? Não, Thiago disse que calculou o risco da estratégia, para chegar a um objetivo maior. Nem sempre funciona, mas, para saber, é preciso tentar. Thiago Braz e a dupla da vela Martine Grael e Kahena Kunze tentaram e a ousadia funcionou. Thiago se valeu do seu potencial, das regras da prova e do que sabia sobre seu adversário para arriscar; Martine e Kahena se valeram do conhecimento dos ventos e do local para definir uma estratégia diferenciada das adversárias. Pelo sim, pelo não, arriscar faz parte do percurso para atingir um objetivo.