Home > Opinião > Falar é fácil: a comunicação verbal sob a ótica da neurociência na formação de jovens do ensino médio

Falar é fácil: a comunicação verbal sob a ótica da neurociência na formação de jovens do ensino médio

© Depositphotos.com / michaeljung A habilidade de se comunicar bem deve começar nas escolas.

A comunicação sempre foi e será o principal instrumento de relacionamento humano, ainda mais em um cenário de grandes e inevitáveis mudanças, entre elas o avanço vertiginoso das inovações tecnológicas, mobilidade urbana, envelhecimento da população e a interconectividade global.

Como consequências, novas exigências são apresentadas para os profissionais em busca de sua realização e da definição das suas escolhas para suas carreiras, atividades que deixarão de existir, exigindo cada vez mais o uso de certas habilidades ou características pessoais e profissionais. Nesse sentido, a Comunicação Verbal passa a ser um básico e fundamental pré-requisito para quem deseja ter sucesso e destaque, qualquer que seja o trabalho escolhido.

Outra consequência nesse contexto de mudanças e novas exigências é a ampliação das possibilidades de desentendimentos, geração de conflitos, ampliação de mal-entendidos. Mais do que nunca se faz necessário desde cedo, o conhecimento e uso de estratégias comunicacionais, favorecedoras de melhores resultados na escola, no lar, nos ambientes sociais em geral e no mundo corporativo.

Globalização e a influência na comunicação

A globalização trouxe uma preocupação fundamental com a educação comunicativa universal pela ampliação de canais e pessoas com as quais podemos falar. Isso significa a ampliação das possibilidades de mal-entendidos, problemas de imagem pessoal distorcida e conflitos. Hoje o acesso ampliado à informação exige estratégia, comportamento e técnica comunicacional em todos os ambientes, seja no lar, na escola, nos ambientes sociais e corporativos.

A habilidade desenvolvida da comunicação viabiliza o contato, o relacionamento, o poder de influenciar pessoas, refletida em situações de apresentações pessoais, convivência com diversos níveis hierárquicos, atendimento a clientes, situações de vendas, negociações, liderança e também apresentações em público.

Nesse sentido, o preparo das pessoas para lidar com oportunidades e ameaças, em especial em certas modalidades, dentre as quais destaco a Comunicação Verbal, embora fundamental desde o início da formação escolar até a vida adulta, mostra que há uma lacuna a ser preenchida.

Com raríssimas exceções essa habilidade é trabalhada nas grades escolares das instituições de ensino. Por essa razão é tão normal vermos tantos profissionais já formados em cursos regulares e cursos de pós-graduação, tendo suas atividades profissionais bem desenvolvidas, mas com problemas sérios relacionados à comunicação, notadamente quando lhes é exigido que falem em público.

Pela nossa experiência e tantos depoimentos dos nossos alunos que lamentaram não terem tido esse tipo de formação antes, argumentando que muitas oportunidades foram perdidas pelo medo de falar em público ou outra limitação relacionada ao preparo de uma apresentação, uso da voz e do corpo ou o preparo de recursos audiovisuais para apoiar uma apresentação.

Diante dessa circunstância, concluímos e resolvemos apoiar os jovens, em seu percurso de formação em ensino médio, na faixa etária entre 15, 18 ou 19 anos, para que tenham esse preparo e consigam não só fazer apresentações de seus trabalhos escolares, mas ter mais facilidade de dar os seus primeiros passos no ingresso da vida profissional, como, por exemplo, suas primeiras entrevistas de emprego, ativação das relações sociais, segurança na preparação e apresentação de seus projetos, diálogos consistentes e tantas outras formas para se comunicar.

A importância da comunicação na vida dos jovens

A formação somada à experiência confere uma base sólida para o futuro acadêmico e profissional do estudante, cujo diferencial competitivo é a comunicação verbal eficaz.

Dentro desse objetivo, identifiquei a necessidade de ferramentas e metodologias que colaboram para que a comunicação verbal seja eficaz na vida deste jovem. Para tal fim, realizei pesquisas, desenvolvi e defendi a tese de mestrado intitulada “F.A.L.A.R.® é Fácil: Proposta de metodologia para desenvolver e potencializar a habilidade de comunicação verbal para jovens de Ensino Médio”, aprovada com nota máxima, com louvor, pela banca examinadora da Florida Christian University (FCU) em Orlando, nos EUA.

A dissertação foi conceituada e embasada nos estudos da neurociência associada à proposta de apresentar uma nova metodologia potencializadora da habilidade de comunicação verbal para jovens de ensino médio, facilitando-lhes a vida pessoal e sua futura carreira profissional.

Este trabalho também gerou a base para apresentar um projeto de lei para a implementação dessa proposta nas escolas e suprir a lacuna educacional em comunicação verbal, nos currículos escolares do Ensino Médio.

A estrutura da tese e a proposta formulada foram baseadas em estudos de Neurociência, que estuda o sistema nervoso para avaliar o seu funcionamento, estrutura e desenvolvimento e possui diversas áreas de pesquisa.

Em nosso caso, aplicamos a neurociência comportamental, que tem foco no contato do organismo e os fatores internos – pensamento, emoções e comportamentos expressos, tais como a fala, gestos e outros, visando compreender as relações físicas, emocionais e a neurociência cognitiva, que trata da memória e do aprendizado. O hemisfério esquerdo do cérebro humano é responsável pelo pensamento lógico e também pela comunicação verbal (fala). O hemisfério direito é responsável pela intuição, estabelecimento de analogias e comunicação não verbal. A neurociência contribui para o entendimento do processamento cerebral e como podemos usar de forma adequada o nosso cérebro para termos uma comunicação de valor.

Tese transformada em livro

O trabalho desenvolvido deu origem ao livro “F.A.L.A.R.® é Fácil – Saiba como falar bem e mostrar ao mundo o seu potencial”, que será lançado em 2017. A publicação vai indicar de forma clara ao jovem como identificar e enfrentar problemas relacionados à comunicação.

A metodologia F.A.L.A.R.® pode ser aplicada para a realização de qualquer objetivo, iniciando com a definição da finalidade a ser conquistada até a sua conclusão (ou objetivo), por meio das seguintes etapas do método: F – Finalidade, A – Análise, L – Lapidação, A – Avaliação e R – Resultado.

Entendemos que o ser humano tem a possibilidade de aprender com o passado, planejar as ações futuras e ajustá-las, corrigindo a rota, caso os objetivos não estejam sendo alcançados, para que a cada momento presente possa melhor utilizar o seu potencial, qualquer que seja o nível no qual ele se encontra.

Em meio a essa peculiaridade do ser humano de criar teorias e instrumentos, códigos e doutrinas, ciência e arte, está a comunicação. Sem essa capacidade singular de romper a distância que nos separa do outro, a aventura humana não seria possível, por mais prodigiosa que fosse a capacidade da mente para criar, realizar, resgatar o passado, imaginar o futuro.

O ser humano, embora seja eminentemente gregário, precisou aperfeiçoar a sua forma de estreitar os laços com seus semelhantes ao longo da história. Foi com base nesse caráter evolutivo, sempre em busca de aprimoramento e entendimento, dominando a natureza e a si próprio, que foi pensada a metodologia F.A.L.A.R.®, eixo conceitual da nossa obra sobre comunicação, autoconhecimento e conhecimento do próximo para autoliderança e equilíbrio para uma vida saudável e feliz.

A educação em comunicação vem preencher uma lacuna no currículo escolar brasileiro, culminando no despreparo que os alunos do Ensino Médio normalmente têm para enfrentar os desafios do mundo profissional, repleto de ações no campo da comunicação e de relacionamentos.

Uma simples pergunta, mas nos mostra essa evidencia: quantos jovens, por mais brilhantes que sejam, encontram dificuldades para se comunicar de modo efetivo com seus pares? Quantos não se sentem à vontade ao se relacionar com seus superiores? E, o mais recorrente, a ausência de habilidades para falar para um público, seja nos trabalhos universitários ou no ambiente corporativo.

Assim se dá a dinâmica da relação entre a escola e o mundo real: é preciso captar o espírito do tempo conjugado com as reais necessidades de cada época para conduzir os estudantes do ensino médio no domínio das técnicas instrumentais e, de modo mais amplo, auxiliá-los em sua compreensão de si mesmos, ativando desde esse período até o fim da sua jornada profissional essa habilidade fundamental para o sucesso da sua carreira e brilho na sua vida pessoal.

Matérias Relacionadas