Home > Opinião > Teacher estrangeiro é melhor?

Teacher estrangeiro é melhor?

@ Deposithphotos.com / pressmaster Para aprender outra língua, é preciso ter um professor preparado, experiente e que entenda o aluno.

A teacher americana está diante de um pequeno grupo de alunos, nível pré-intermediário. Eles voltam às aulas depois da pausa do carnaval. Naturalmente, eles conversam sobre o que fizeram no feriado prolongado. Um deles, o mais animado, está empolgado para contar à professora sobre a fantasia que vestiu no desfile de uma escola de samba. “Can I tell you about my Carnival fantasy?”, ele pergunta. A professora enrubesce de vergonha, mas permite que o aluno continue, emitindo um trêmulo “okay”.

Quando a professora começa a ouvir a respeito de cores, formas e plumas, ela entende: “Oh, you mean COSTUME!”, e cai na gargalhada. Ela explica: costume é fantasia que se veste; fantasy é fantasia no sentido abstrato. No caso de carnival fantasy, podia muito se tratar de uma fantasia sexual! A professora, ainda que muito aliviada, acaba de se dar conta de que é melhor focar em alunos avançados até que ela mesma aprenda português em bom nível…

Essa história, que é verdadeira, nos revela algumas coisas: 1) a falta de conhecimento íntimo da língua nativa do aluno torna mais difícil o ensino; 2) tempo precioso pode ser desperdiçado na explicação de falsos cognatos e no encontro da palavra correta; 3) há muito mais em aprender uma língua do que conseguir a pronúncia perfeita e a adequação cultural do instrutor a um país de língua inglesa.

Em resumo: um professor nativo pode parecer a melhor opção, mas a verdade é que às vezes ele torna o ensino mais truncado, atrapalhando os resultados. Ninguém é melhor para ensinar como se pensa dentro de uma língua do que uma pessoa que compreende intimamente como se pensa na língua nativa do aluno. Seguramente, um aluno até o nível intermediário dificilmente terá melhores aulas com um professor nativo em comparação a um bom professor brasileiro que fala inglês fluentemente. Esse professor já fez essa transição da sintaxe portuguesa para a sintaxe inglesa. Ele sabe o que muda na regência, por que os verbos às vezes aparecem no gerúndio em inglês e no infinitivo em português, quais maneirismos da fala brasileira devem ser evitados, e muito mais. É disso que os alunos brasileiros precisam!

Por outro lado, professores nativos trazem toda uma bagagem cultural que é valiosa para o curso. Um bom professor nativo vai contar coisas muito úteis a alunos que pretendem passar um tempo no exterior. Vai comparar a cultura de lá com a cultura brasileira, revelar o que acha estranho no Brasil para que o aluno não faça isso lá, pontuar questões importantes relacionadas ao pagamento de contas, ao aluguel de carros, aos impostos, à burocracia das universidades e da procura por emprego, etc. Isso sem falar nos meandros da fala, tanto de pronúncia quanto de vocabulário. Um aluno avançado pode achar tudo isso mais útil.

No final das contas, um bom curso é aquele lecionado por um professor preparado, experiente, que sabe analisar necessidades, entende o que o aluno quer dizer sem percalços e o ensina a dizer a mesma coisa de maneira coerente e culturalmente adaptada, em inglês. No mês passado, escrevi um texto sobre como escolher um bom curso particular de inglês, com mais reflexões sobre isto.

Por via das dúvidas, faça um teste. Comprometa-se com algumas horas de aula. Lembro-me de um professor de Londres que tinha um linguajar acadêmico e a pronúncia tipicamente associada a classes sociais mais elevadas da Inglaterra. Era tudo o que a aluna queria! Depois de algumas horas, ela pediu para trocar o professor, para a surpresa de todos. Ela simplesmente não sabia o que era o inglês britânico, não conseguia entender o professor, não conseguia acompanhar o seu modo de pensar, o seu modo de se comportar, o seu nível de formalidade… Ficou feliz com um teacher brasileiro mesmo.

Good luck with your studies!

Conheça o Instituto Mindset.

Matérias Relacionadas