Ao falarmos sobre esgotamento no trabalho, logo vem à mente os sintomas da Síndrome de Burnout: stress, depressão e ansiedade causados por excesso de tarefas, prazos irreais e cobranças intensas e frequentes. Entretanto, há outro problema que assusta as empresas e aumenta a rotatividade: a Síndrome de Brownout.
Este problema se desenvolve ao longo do tempo. O profissional inicia seu trabalho plenamente satisfeito, cheio de ideias e motivação e, ao longo do tempo, começa a ficar desanimado e desinteressado pelas atividades. Deixa de propor novas ideias e fica cada vez menos sociável e comunicativo.
Além de atingir a vida profissional, a pessoa que sofre desse problema tende a se tornar agressivo com a família e amigos ou alheio a todos ao redor. O quadro é reversível na grande maioria das vezes, mas, quando não identificado e tratado corretamente, pode causar problemas graves a longo prazo.
Histórico do Brouwnout
De acordo com o dicionário, o termo brownout (blecaute, em tradução literal) corresponde a uma queda de energia, intencional ou não, devido à alta demanda dos consumidores. Quem adaptou a palavra para o mundo corporativo foi Mike E. Kibler, fundador da Corporate Balance, empresa de coaching que atua no desenvolvimento de executivos.
Ao estudar a fundo o universo dos executivos, ele percebeu que acontece um desencanto pelo trabalho e pela empresa de maneira lenta, desmotivando os profissionais e levando-os a procurar novas oportunidades no mercado.
São inúmeros os problemas que despertam a Síndrome de Brownout. Regras muito rígidas e engessadas, por exemplo, comprometem a criatividade dos profissionais mais talentos, uma vez que precisam de uma certa liberdade para deixarem a criatividade fluir. Outro ponto é a tecnologia, que impede os profissionais de se desligarem de trabalho. É como se trabalhassem 24 horas por dia, reduzindo o espaço na agenda para desfrutar a vida e recarregar as energias.
Sinais da Síndrome de Brownout
Em 2015, o jornal Telegraph abordou o assunto e, com a ajuda de especialistas, identificou 10 sinais de quem está enfrentando a Síndrome de Brownout. Veja:
1 - Você trabalha longas horas, mas sem qualquer interesse real. O trabalho em si é árduo, aborrecedor e carece de desafio intelectual ou estimulação.
2 - Você sente como se nunca terminasse as tarefas. Há sempre mais a fazer.
3 - Você já não sabe onde sua carreira está indo e consegue não tomar decisões importantes.
4 - Você contribui o mínimo em reuniões e têm pouco interesse em novas sugestões. Você é a pessoa que joga água fria nas ideias de outras pessoas.
5 - Você usa qualquer desculpa para não aparecer. A dor de cabeça torna-se uma enxaqueca e o frio é sempre gripe.
6 - Você verifica e-mails quando se levanta de manhã e na cama antes de dormir. Você está colado ao seu smartphone nas férias, aos fins de semana e até mesmo durante ocasiões sociais.
7 - Fisicamente você começou a sofrer. Está fora de forma, come junk food, não consegue dormir o suficiente e desistiu de se exercitar.
8 - Você perdeu o seu senso de humor e pende para a agressividade passiva e para o mau humor. Se alguém (no trabalho ou fora) lhe pergunta como as coisas estão indo, você tende a desconversar ou responder de maneira monossilábica.
9 - A vida familiar não é mais como antes. Você chega em casa tarde para assistir TV e mostra pouco interesse em seu cônjuge e filhos. Amizades se perderam e os interesses externos foram esquecidos.
10 - Você não odeia seu chefe, mas ele é mal-humorado e imprevisível. Você nunca sabe se ele vai gostar ou odiar um determinado trabalho.
O que fazer ao identificar ao problema?
Conforme dito anteriormente, a Síndrome de Brownout se desenvolve aos poucos. E quando ela chega o melhor a fazer é assumir que está com o problema para si mesmo e para os entes queridos. Dessa forma eles entenderão sua mudança de comportamento e poderão lhe ajudar a encontrar soluções.
No caso das empresas, uma sugestão é expor a situação para os gestores. Peça novos desafios que possam devolver o seu ânimo ou discuta formas de reduzir sua carga de trabalho.
Caso a conversa ou a nova prática adotada não resolva, seria interessante procurar novas oportunidades ou segmentos que atendem aos anseios profissionais. Vale lembrar que cada empresa tem a sua cultura e nem todas são flexíveis e inovadoras. Por isso, é preciso entender bem o que se almeja e o que a empresa pode oferecer, de forma que as expectativas estejam alinhadas e a parceria seja produtiva por um tempo maior.