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Quer ser um diplomata? Saiba mais sobre a carreira

Graduação superior, línguas estrangeiras e um aguçado senso crítico são apenas alguns dos requisitos para quem quer seguir a carreira

Cônsul Paul Brunet

Cônsul Paul Brunet. Foto: radio-canada

Há 28 anos o diplomata canadense Paul Brunet ajuda seu país a construir relações internacionais com outras nações. Segundo ele, a carreira exige um espírito analítico, disposição para viagens e mudanças, mas, acima de tudo, abertura para aceitar as diferenças entre as culturas dos diversos povos. Isso porque um diplomata pode passar metade de sua vida profissional em nações estrangeiras.

Não basta, no entanto, estar livre dos preconceitos. Por aqui, para ser diplomata é preciso ter nacionalidade brasileira reconhecida, ser formado em curso superior de qualquer área e ter mais de 18 anos. Além disso, é preciso vencer os mais de 200 candidatos por vaga (foram 230,6 em 2014) no concurso aberto anualmente para o cargo, e conhecer línguas estrangeiras – inglês, espanhol e Francês caem nas provas.

Depois de aprovado, ainda é necessário passar por um curso de formação de dois anos e só então existe a possibilidade de exercer a profissão em outras nações. O salário compensa: a remuneração informada no último concurso nacional de admissão de diplomatas, lançado pelo Ministério das Relações Exteriores em fevereiro, apontava um ganho inicial superior a R$ 14 mil.

Richard Turner também representa seu país no Brasil. Cônsul-Geral Adjunto no Consulado-Geral Britânico de São Paulo, Turner já atuou na Tasmânia, em Tokio e Moscou. “Quando fui trabalhar fora pela primeira vez com o serviço diplomático, na Tasmânia, a comunicação era muito complicada e muitas vezes eu sentia isolado da família e dos amigos. Esse problema foi superado com as novas tecnologias”, contou ele.

“Acho que em qualquer Estado o problema mais difícil é fazer os primeiros contatos [...] Ter facilidade em conhecer pessoas e ter acesso à cultura, cinema e literatura local faz parte do processo de familiarização do profissional com a identidade da nação”, aponta Paul Brunet, Cônsul de Assuntos Políticos do Canadá no Brasil

Entretanto, nem sempre o diplomata atua no exterior. Como servidor público federal brasileiro é possível trabalhar em Brasília ou nos escritórios de representação regional dos estados, atuando no comércio exterior, nas relações políticas, econômicas e temáticas, bi ou multilaterais; em projetos de cooperação internacional; na divulgação cultural, assistência consular e administração, sempre atento às mudanças que quaisquer situações podem acarretar nas relações entre os países. “A relação {do Reino Unido} com o Brasil sempre foi boa. Mas foi interessante ver a mudança nas perspectivas após o sucesso dos Jogos Olímpicos de Londres. Acho que o Reino Unido se tornou um destino muito mais atraente para os brasileiros”, exemplifica o inglês.

Cônsul Richard Turner Pic

Cônsul Richard Turner Pic
Foto: Divulgação

Quando atuam no exterior, geralmente os diplomatas permanecem três anos em cada país, mas esse prazo é flexível. Em sua segunda passagem pelo Brasil, o canadense Brunet explica: “recebi uma permissão para estender minha permanência no país pelos projetos que estava desenvolvendo naquela época, e por gostar muito da cidade e das pessoas”.

Para quem deseja iniciar a carreira internacional, os veteranos aconselham a estar aberto a novas experiências. “Acho que em qualquer Estado o problema mais difícil é fazer os primeiros contatos”, aponta o atual Cônsul de Assuntos Políticos do Canadá no Brasil. “Ter facilidade em conhecer pessoas e ter acesso à cultura, cinema e literatura local faz parte do processo de familiarização do profissional com a identidade da nação”, ele completa.

O Inglês Richard Turner também dá uma dica: “Desfrute cada minuto da sua estada no país estrangeiro. Aproveite para fazer novos amigos, que você manterá pelo resto de sua vida”.

Saiba mais sobre as relações do Brasil com Canadá e Reino Unido

O Brasil possui uma boa relação internacional com ambos os países. Segundo Paul Brunet, o Canadá exporta uma grande demanda de produtos agrícolas e minérios nacionais, por exemplo. Por outro lado, com dificuldades na safra de trigo, o Brasil tem importado esta commodity, além de peças de manufatura e aparelhos com alta tecnologia, que comumente já fazem parte do comércio entre estes países.

Já o Reino Unido é o quarto maior país investidor em território brasileiro. As exportações de produtos nacionais para a Europa crescem a cada ano. Indústrias britânicas investem em nosso país, o que facilita a entrada dessas empresas. “As empresas britânicas têm uma presença muito forte no Brasil, com marcas como Unilever, HSBC e Shell. O Brasil continua a ser um país muito acolhedor para que as empresas façam seus investimentos”, diz o Cônsul britânico, Richard Turner.

Além disso, o Reino Unido está unido ao governo brasileiro em fóruns multilaterais que procuram firmar um ambicioso tratado internacional sobre mudanças climáticas e projetos para melhorar a base científica sobre o tema. O governo inglês também está buscando atuar fortemente na área de direitos humanos no Brasil.

“Desfrute cada minuto da sua estada no país estrangeiro. Aproveite para fazer novos amigos, que você manterá pelo resto de sua vida”, aconselha Richard Turner, Cônsul-Geral Adjunto no Consulado-Geral Britânico de São Paulo

A educação é outra área em que a relação Brasil-Canadá se destaca. O intercâmbio é uma das atividades que mais atraem os universitários brasileiros. “Não somente para estudar a língua inglesa e francesa, mas também queremos brasileiros para receberem informações técnicas sobre tecnologia, hotelaria além de outras áreas. É importante a visita de brasileiros no Canadá para aquecer a economia e consumir nossos produtos”, diz Brunet.

Segundo a Câmara de Comércio Brasil-Canadá, nosso país tem se revelado, tradicionalmente, como o maior parceiro comercial do Canadá na América do Sul. Para o Cônsul canadense, o cenário é bom. “Considero equilibrado, pois os acordos entre os países são bem claros e vantajosos para ambas as nações”, finaliza.

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