Vanice Assaz, jornalista. Foto: Arquivo pessoal
Quando decidiu que seria jornalista, aos 12 anos, Vanice Assaz sonhava em ser correspondente de um jornal em Paris. Ela não trabalhou na cidade luz, mas em 41 anos de profissão aprendeu que para ser jornalista é necessário muito mais do que saber escrever. “É preciso modéstia, leitura, compreensão de texto, base cultural e muito estudo”, lista.
Vanice é formada em Jornalismo pela FAAP e bacharel em Letras pela USP. Ela trabalhou para o Diário de S. Paulo, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde, entre outros veículos. No Dia do Jornalista, a editora do Jornal O Sete, de Mogi das Cruzes, comenta as mudanças e exigências da profissão.
O mercado de trabalho do jornalismo é muito dinâmico e está em constante transformação. Vanice pontua a necessidade de atualização dos profissionais de jornalismo em todos os setores, mas principalmente com a migração dos veículos impressos para a mídia online. “Não há como evitar essa transformação e nem como manter o mesmo modelo jornalístico sempre”, afirma a editora, apontando, ainda, que estar preparado para atualização do mercado é fundamental. “Quem não se adequar a ela de alguma forma pode se considerar carta fora do baralho mesmo.”
Redator, pauteiro, repórter, apresentador e assessor de impressa são apenas alguns dos cargos exercidos por profissionais do jornalismo, que ganham, em média, R$ 2,7 mil por mês, segundo a pesquisa salarial da consultoria Catho Online. Com a ascensão das novas mídias digitais, outras oportunidades de trabalho têm surgido. Os cargos de social mídia e redator web, por exemplo, não existiam há poucos anos e estão ganhando espaço. “É um caminho sem volta. Enquanto isso, já estou me dedicando a estudar e a fazer conteúdos para redes sociais e sites de empresas”, completa a editora.
Os jovens não leem, não têm uma cultura geral necessária para enfrentar a diversidade dos fatos que vão cobrir, não têm vivência e se apegam somente às informações da internet. Não ter vivência – e quem vive no computador não pode saber o que é a vida real – é a pior situação para um bom repórter.”
Quem deseja seguir os passos de Vanice, precisa saber, no entanto, que não importa em que tipo de veículo você quer trabalhar, para ser jornalista, persistência e dinamismo são características fundamentais. Procurar o primeiro emprego foi apenas uma das dificuldades enfrentadas pela editora no início da carreira, ainda na década de 70. “Fiquei um ano sem conseguir uma vaga, mesmo já tendo feito estágios, coisa que era obrigatória”, lembra.
O mercado de trabalho para o jornalismo é mesmo acirrado: 569 instituições formaram 28.352 profissionais ligadas à área em 2012, segundo dados do último Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A formação acadêmica, no entanto, não é garantia de qualificação. Editora experiente, Vanice observa um distanciamento da faculdade e da realidade da profissão e, não só por isso, aponta o despreparo de muitos profissionais. “Os jovens não leem, não têm uma cultura geral necessária para enfrentar a diversidade dos fatos que vão cobrir, não têm vivência e se apegam somente às informações da internet. Não ter vivência – e quem vive no computador não pode saber o que é a vida real – é a pior situação para um bom repórter”.
Foto: © Depositphotos.com / PicsFive
O ideal é que estudantes de comunicação comecem a trabalhar ainda na faculdade, em estágios que complementam a formação acadêmica. Realizar cursos de extensão, de línguas e complementares à formação também são boas opções para se destacar no meio. Cada vez mais as empresas esperam encontrar profissionais capacitados para diferentes funções. Fotografia, design e editoração são alguns dos conhecimentos exigidos nas vagas da área, além de um olhar crítico sobre a sociedade.
Foi com este olhar, que Vanice conseguiu dar o furo mais marcante de sua carreira. O caso, que ficou conhecido como Mogigate, foi um escândalo envolvendo políticos e empresários do ramo dos transportes. “A revista Ato, onde eu era repórter e editora peitou a todos e deu a matéria, que me rendeu muitas dores de cabeça, mas muita satisfação. Furos não são nada fáceis de acontecer na vida dos jornalistas”, relembra.
Dados do mercado
Salário médio: 2,7 mil (Catho Online)
Duração do Curso: 4 anos (MEC)
Estágio: não obrigatório (MEC)
Formação: não é obrigatória a formação acadêmica. Em 2009 foi revogada a exigência do diploma para exercer a profissão, no entanto, as empresas têm preferência por profissionais graduados.
