Certamente, você já ouviu falar que a música é capaz de acionar memórias, reações e emoções. Acontece que, aos estímulos da música, nosso cérebro responde de maneira bastante particular. “A música tem a capacidade de estimular diversas áreas do cérebro ao mesmo tempo. Diferente de outras atividades que tendem a expor áreas específicas, esta possibilita reações muito favoráveis para a saúde e outras necessidades individuais”, explica o coordenador do curso de musicoterapia da FMU, Raul Brabo.
De acordo com o especialista, essa “inundação de estímulos”, no entanto, ativa, por exemplo, um neurotransmissor conhecido como dopamina, uma substância envolvida no prazer, memória, motivação, impulso e foco. Os níveis anormais dessa substância podem desencadear distúrbios como a depressão. Em outras palavras, essa substância pode ser importante para definir os indicadores do humor dos indivíduos. “A manutenção dessa substância produz um ciclo virtuoso, já que um colaborador bem-humorado e motivado produz muito melhor”, afirma Brabo.
E, já que ninguém consegue se manter produtivo o tempo todo, a música, se usada com consciência e responsabilidade, pode ser uma perfeita aliada para os momentos improdutivos. “Não há problema algum em fazer uma pausa para um pequeno relaxamento. Muito pelo contrário, se o colaborador parar para ouvir uma música por quatro minutos, ele vai recargar e aumentar os níveis de energia produtiva, e isso é exatamente o contrário de ócio”, completa.
Brabo explica que não há um estilo ou gênero musical específico para que os estímulos aconteçam e que as músicas das quais mais gostamos são ótimas para aumentar os níveis de dopamina. Porém, ouvir músicas diferentes das quais estamos acostumados auxilia no processo do cultivo de redes neurais que não são regularmente exercitadas e acionam reservas que são agentes importantíssimos no fortalecimento do cérebro como um todo.
Com letra ou sem letra?
Brabo explica que as áreas de Broca e Wernicke, como é conhecida cientificamente a região da fala, é hiperestimulada, por isso, ouvir música instrumental, ao invés de canções (músicas com letras) é aconselhável para aumentar o foco e diminuir o estresse. “Normalmente, em nosso processo de comunicação, essa região do cérebro é suficientemente estimulada quando falamos, lemos ou escrevemos, por exemplo. Por isso, ouvir música instrumental faz com que deixemos espaço para explorar e fortalecer outras áreas”, comenta.
Pelo bem coletivo
É importante frisar que a música no ambiente de trabalho certamente vai afetar o desempenho individual e a interação social dos colaboradores. Portanto, para que o efeito seja positivo, quando se opta por permitir que música seja tocada no ambiente é preciso tomar alguns cuidados.
Acontece que a música é um universo particular e cada indivíduo possui um gênero que agrada e outro que desagrada, logo os estímulos que a música vai causar no cérebro de cada um dos colaboradores pode ser completamente diferente. “É importante buscar o equilíbrio, traçando o perfil musical coletivo, com uma trilha que não desperte o mau humor dos receptores”, lembra o especialista.
O volume e a intensidade da música também devem ser levados em consideração. Uma música com volume muito alto pode atrapalhar a interação e a concentração dos colaboradores, já uma música em volume baixo, mas perceptível, pode causar uma sensação de relaxamento.